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Presidente do banco BIC descarta compra do BFA angolano
O presidente do Conselho de Administração do banco BIC afirmou esta sexta-feira que não está em cima da mesa a aquisição, pela instituição, do Banco de Fomento Angola (BFA), no âmbito da OPA dos espanhóis CaixaBank ao BPI.
Questionado pela Lusa, em Luanda, Fernando Teles classificou como especulativas as notícias que têm vindo a público, dando conta dessa possível aquisição e fusão de dois dos maiores bancos privados angolanos.
"Acho que é mesmo especulação. Para já, não está nada previsto", disse à Lusa o administrador do grupo angolano, que controla também o banco BIC português.
Ainda assim, e face à regra dos grandes riscos imposta pelo Banco Central Europeu, que afecta o BPI (maioritário na estrutura accionista do BFA), Fernando Teles não descarta o possível interesse da empresária Isabel dos Santos, directamente ou através da operadora angolana Unitel, em reforçar a posição no BFA.
É que o regulamento comunitário obriga a que a exposição indirecta em kwanzas do BPI ao Estado angolano e ao Banco Nacional de Angola (dívida pública) passem a ser objecto, para efeitos do cálculo dos rácios de capital do banco português, aos ponderadores de risco estabelecidos pelas regras europeias a partir de 1 de Janeiro de 2015 e à constituição de provisões.
Fernando Teles admite que o projecto do CaixaBank para o BPI - através da Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada esta semana - poderá implicar a "consolidação" do banco em Portugal, sendo necessário um accionista que controle 55% do capital social do BFA para minimizar o cenário provocado pelas directrizes comunitárias.
"Esse accionista pode ser eventualmente a Unitel ou a engenheira Isabel dos Santos", apontou Fernando Teles.
Uma alteração na estrutura accionista do BFA introduzida em 2008 teve como consequência a venda de 49,9% do capital daquele banco, pelo BPI, à Unitel, empresa participada pela empresária Isabel dos Santos.
Por sua vez, Fernando Teles é dono de 37,5% do banco BIC, a que se junta mais 5% que tem distribuído pelos restantes administradores. Esta parcela totaliza 42,5%, o mesmo valor atribuível à empresária Isabel dos Santos no banco angolano.
O banco espanhol CaixaBank anunciou na terça-feira uma OPA à maioria do capital do BPI por 1,329 euros por acção, num total de 1,082 mil milhões de euros.
O CaixaBank é já o maior accionista do BPI, contando com quatro membros no Conselho de Administração do banco português, seguindo-se a empresária angolana Isabel dos Santos, através da Santoro, com 18,6%, e o Grupo Allianz, com 8,4%.