Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Presidente da Eurofin cita artigo sobre espionagem industrial para não responder a inquérito ao BES

Alexandre Cadosch escuda-se no código criminal suíço para não prestar esclarecimentos sobre a Eurofin, veículo com fortes ligações ao GES e que teve um forte peso nas operações que intensificaram os prejuízos históricos do BES no primeiro semestre de 2014.

Fernando Mimoso Negrão – Ministro da Justiça;
Bruno Simão
17 de Março de 2015 às 13:42
  • 1
  • ...

O presidente da Eurofin recusa-se a responder a qualquer das dezenas de perguntas feitas pelos deputados do inquérito parlamentar à gestão do BES e do GES. Isso mesmo foi dito numa carta com apenas uma página enviada ao presidente da comissão, Fernando Negrão.

 

"Estou à disposição de qualquer autoridade competente para responder as perguntas dentro do enquadramento legal aplicável. Contudo, não estou em posição de fornecer qualquer informação directamente à comissão parlamentar de inquérito ao BES devido às restrições do código criminal suíço", diz a resposta de Cadosch, enviada a 13 de Março.

 

A Eurofin teve um papel central no esquema de recompra de obrigações, com perdas, por parte do Banco Espírito Santo e que serviu para se registarem mais-valias noutras entidades que não se conseguiram ainda identificar. A questão sobre quem foi financiado com este esquema que causou perdas de 800 milhões (que contribuíram para os 3.577 milhões registados em Junho de 2014) fica, assim, sem resposta.

 

Alexandre Cadosch citou dois artigos do Código Criminal Suíço e um da legislação de protecção de dados para não avançar com as respostas. Os dois primeiros artigos evidenciados apontam para sentenças judiciais que pode ser alvo "qualquer pessoa que desempenhe actividades em nome de um Estado estrangeiro no território suíço sem autorização legal, quando tais actividades são da responsabilidade de uma autoridade pública" (271º) ou qualquer pessoa que pratique "espionagem industrial" por ter tido acesso a algum segredo comercial que transmita a uma agência pública externa ou estrangeira (273º). 

 

"Consequentemente, confirmo que não posso responder às questões em anexo ao seu e-mail", conclui Cadosch nas respostas.


Em reuniões do conselho superior, a Eurofin foi identificada como tendo dado "um jeitão" ao Grupo Espírito Santo. Cadosch foi quadro de uma sociedade grupo desde 1990, tendo depois optado por montar a sua própria entidade, a Eurofin. Os deputados queriam saber se essa empresa foi constituída com dinheiros financiados pelo BES. A actividade da Eurofin também causa algumas dúvidas, já que os deputados queriam saber quais eram os serviços por si prestados, nomeadamente se era um veículo de financiamento para o BES ou para o Grupo Espírito Santo. Também a ligação da Eurofin à ES Enterprises, que os investigados do Ministério Público consideram poder ser um saco azul, era questionada. 

 

Ver comentários
Saber mais Alexandre Cadosch Fernando Negrão Banco Espírito Santo Eurofin
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio