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Polónia tenta controlar "bomba-relógio" do crédito em francos

A Polónia quer que os bancos do país, entre os quais se encontra o Bank Millennium, do BCP, apliquem taxas de juro negativas para aliviar o impacto nos empréstimos à habitação feitos em francos suíços, noticia a Bloomberg.


As taxas de juro oficiais dos bancos centrais da Suíça, Dinamarca, Suécia e Japão são actualmente negativas, situando-se em -0 .75%, -0.65%, -0.50% e -0.10%, respectivamente. A Zona Euro tem uma taxa de depósito negativa, mas a taxa de refinanciamento principal é de 0%. Já que o alegado “limiar zero” foi quebrado, esperamos que os estrategas políticos voltem a recorrer a taxas negativas no futuro. No entanto, estas constituem uma “ferramenta de emergência”, devido aos problemas que criam à banca, como o Banco Central Europeu (BCE) constatou com sua taxa de juro de -0,4% sobre o excesso de reservas.
Reuters
Negócios 21 de Janeiro de 2015 às 14:24
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A decisão da Suíça de terminar a ligação da moeda nacional ao euro, no dia 15 de Janeiro, está a provocar instabilidade na banca polaca. Na Polónia, uma parte significativa do crédito à habitação foi contraído em moeda suíça, que apresentava valores mais baixos que o zloty polaco. Com a surpreendente decisão do banco nacional suíço, o zloty caiu 22% face ao franco, disparando os créditos de cerca de 575 mil famílias polacas.

 

O ministro das Finanças, o governador do Banco Central e reguladores financeiros e da concorrência reuniram-se ontem com os maiores credores de empréstimos à habitação, instando-os a abster-se de exigir danos colaterais extra e a estender as maturidades dos empréstimos para clientes com dificuldades em pagar as prestações. "Os bancos concordaram considerar a aplicação de taxas de juro negativas", afirmou o ministro das Finanças, Mateusz Szczurek, à Bloomberg, no final da reunião.

 

Na reunião esteve presente o BCP, que detém 66% do Bank Millennium na Polónia. As acções do banco na Polónia já caíram 14% desde a alteração na moeda suíça. Na bolsa portuguesa, o BCP volta hoje a cair 2,64% para 7 cêntimos por acção, após ter recuperado nas últimas sessões da descida de dia 15. As acções dos bancos PKO e Mbank também caíram 12%, mas a maior queda ocorreu nas acções do banco Getin Noble, que caíram 24%. Segundo dados do regulador polaco citados pela Bloomberg, os créditos em francos representam 8,6% dos activos dos bancos polacos.

 

Szczurek e o governador do Banco Central consideram que os riscos devem ser partilhados por bancos e clientes. "O risco cambial que recai agora sobre os empréstimos tem que ser partilhado de alguma forma", afirmou o governador Marek Belka. No ano passado, o governador já tinha alertado para possíveis perdas nos empréstimos à habitação em francos, considerando-os uma "bomba-relógio". Belka excluiu, contudo, a possibilidade de obrigar os bancos polacos a converter os empréstimos em zlotys a taxas anteriores à decisão do banco nacional suíço, como pediu o partido da oposição.

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