Notícia
Plataforma do malparado com impacto imediato "pouco relevante" no BCP
O CaixaBI assinala que o foco da plataforma serão os créditos acima de 5 milhões de euros e os activos vão permanecer no balanço dos bancos.
O BCP, a CGD e o Novo Banco assinaram um memorando de entendimento para a criação de um veículo que vai gerir os créditos malparados dos bancos.
O CaixaBI, unidade de research do banco do Estado, considera que esta plataforma poderá ter efeitos positivos embora para já de pouca dimensão.
"Ainda que a gestão coordenada deste conjunto de créditos se deva traduzir a prazo numa maior eficiência ao nível da resolução dos processos em causa, é nosso entendimento que o impacto imediato deste anúncio ao nível da posição de balanço e da conta de resultados do BCP será pouco relevante", refere o analista André Rodrigues, na nota diária enviada aos clientes esta sexta-feira.
José Manuel Correia, director-geral da Paulo Duarte e antigo consultor da Deloitte, é quem irá liderar o processo de instalação desta plataforma, que irá assumir a forma de um agrupamento complementar de empresas. Será depois também quem ficará na liderança executiva da solução encontrada para o crédito malparado, o problema indicado como estando a impedir a recuperação efectiva do sector bancário nacional. Os restantes elementos dos órgãos sociais "serão compostos por representantes das entidades financeiras envolvidas e por membros independentes, a nomear".
Apesar do acordo inicial ser apenas entre as instituições sob o comando de Nuno Amado, Paulo Macedo e António Ramalho, a plataforma "permitirá que outras instituições de crédito ou sociedades financeiras, credoras de devedores comuns aos demais membros, possam, no futuro, associar-se-lhe voluntariamente".
Neste veículo, os bancos esperam conseguir reestruturar os créditos comuns, de forma a viabilizar as empresas em causa. "Facilitar e promover o acesso de empresas reestruturadas, ou em processo de reestruturação, a fontes públicas ou privadas, nacionais e internacionais, a novo capital ou financiamento que impulsione a empresa restruturada" é um dos objectivos inscritos para o agrupamento complementar.
O CaixaBI assinala que a plataforma "terá um enfoque, regra geral, em créditos com valor agregado não inferior a 5 milhões de euros e num contexto em que os activos geridos pela plataforma permanecerão no balanço dos bancos".
Os analistas do BPI salientam que o lançamento desta plataforma para gerir o crédito malparado, no curto prazo, inviabiliza a criação de um "bad bank" em Portugal. "No longo prazo, deve criar as condições para facilitar a recuperação e a venda de crédito malparado (NPE)", refere o analista Carlos Peixoto, assinalando que o secretário de estado das Finanças, Mourinho Félix, admite a possibilidade de o Banco de Fomento ajudar na recuperação de empresas que forem consideradas viáveis.
Na edição desta sexta-feira, o Negócios avança que a plataforma pretende encontrar soluções que permitam financiar as empresas devedoras que sejam viáveis. Além de pretender coordenar a renegociação das dívidas à banca, esta estrutura tem a ambição de promover a reestruturação das próprias empresas dando-lhes acesso a novas fontes de financiamento da sua actividade e da sua capitalização.
As acções do BCP sobem 0,41% para 0,2450 euros.
Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.