Pedro Passos Coelho voltou, este fim-de-semana, a insistir na ideia de que quem se sente lesado com a situação do Banco Espírito Santo deverá recorrer aos tribunais. Foi assim que respondeu aos protestos que têm vindo a acontecer em época de pré-campanha. A associação que representa os investidores em papel comercial do GES, vendido o BES, fala em "desonestidade intelectual".

"Conhecendo o ineficiente sistema judicial que ajudou a perpetuar é, no mínimo, de uma tremenda desonestidade intelectual o senhor primeiro-ministro de Portugal empurrar em 2015 pessoas de 70 e 80 anos, desapossadas das suas poupanças para os tribunais, pois é público e notório que nenhuma sentença será válida ou eficaz antes de 2025 ou 2030", indica um comunicado enviado às redacções pela Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC).  

Este sábado, o líder do Executivo sugeriu que os lesados deveriam recorrer aos tribunais para tentar recuperar os investimentos feitos. Além disso, acrescentou que estaria disponível para ajudá-los, em nome pessoal. "Se não têm dinheiro para ir lá [tribunal] eu organizarei uma subscrição pública para os ajudar a recorrer ao tribunal", disse Passos Coelho. Uma declaração que já mereceu críticas também do socialista António Costa, já que defende que o acesso aos tribunais não pode depender da "caridade do primeiro-ministro", acusando-o de afastar as suas responsabilidades no caso.

Para a AIEPC, "o primeiro-ministro tem responsabilidades políticas directas neste processo a que não pode fugir nem empurrar para terceiros". "Foi o senhor primeiro-ministro que, durante o primeiro semestre de 2014, por mais do que uma vez, decidiu usar os meios de comunicação social para afirmar e reafirmar a sua total confiança no BES, no sistema bancário e as poupanças dos clientes estavam seguras", acrescenta, em comunicado, o líder da AIEPC, Ricardo Ângelo.

Este domingo,13 de Setembro, Passos Coelho, já voltou a afastar responsabilidades: "O que julgo é que as coisas não têm de correr desta maneira porque, não sendo ao Governo que cabe fazer justiça e sim aos tribunais, é absolutamente infrutífero estar a querer fazer pressão junto do Governo que, como toda a gente sabe, não interfere na justiça, que [é] onde residem os mecanismos para que aqueles que se sentem injustiçados possam ver reparadas essas injustiças", disse, citado pela Lusa.

Já no debate com António Costa, o primeiro-ministro tinha dito que, "uma vez que os reguladores não se entendem", resta apenas aos clientes do BES, que aos balcões do antigo banco subscreveram papel comercial da ESI, Rioforte e ES Property, ir para tribunal. A ESI e a Rioforte estão em insolvência no Luxemburgo, a ES Property está em Processo Especial de Revitalização para evitar a liquidação.