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Os principais créditos em que a CGD perdeu dinheiro

Em sete financiamentos, de mil milhões de euros, o banco público perdeu mais de 500 milhões. E numa amostra de 200 créditos, de quase 3 mil milhões, as perdas foram de 1,2 mil milhões. Três das operações - Artlant, QDL e Birchview - aumentaram a exposição da CGD ao risco de forma grave.

Artlant

Artlant
A Caixa Geral de Depósitos concedeu a partir de 2007 à Artland (a fábrica da antiga la Seda em Sines) créditos no valor de 350,8 milhões de euros cuja finalidade era financiar a construção de uma nova central de produção de PTA. O projeto foi inclusivamente classificado como PIN (Potencial Interesse Nacional) pelo Governo, mas em 2014 a situação económica da empresa levou-a a Processo Especial de Revitalização (PER). Na versão preliminar da auditoria aos atos de gestão do banco público entre 2000 e 2015, a EY salienta que existiu um conjunto de falhas nos procedimentos internos e de decisões dos órgãos de decisão que se traduziram "num aumento grave da exposição da CGD ao risco". A audioria concluiu por uma série de incumprimentos, desde os financiamentos iniciais à monitorização e até à restruturação do crédito. Aponta mesmo situações em que o despacho de aprovação é posterior à data de contratação. Neste caso, a CGD reconheceu 60% do crédito concedido como perdido no exercício de 2015.

Investifino

Investifino
Com a Investifino, de Manuel Fino, as perdas da CGD foram, em 2015, da totalidade do empréstimo concedido, de 138,3 milhões de euros. A finalidade deste crédito acordado em 2005 era financiar a compra de ações do BCP e Cimpor. No entanto, a constante desvalorização das ações que o empresário deu como garantia deste financiamento, a que se somaram as dificuldades da própria Investifino em fazer face aos seus compromissos financeiros, obrigou a CGD a restruturar a dívida, resultando daí a posição com que o banco público ficou na Cimpor. Na versão preliminar do relatório da auditoria, a EY salienta um conjunto de falhas nos procedimentos internos do banco e de decisões de órgãos de decisão "que se traduziram num aumento grave da exposição da CGD ao risco". Além de não terem sido exigidas garantias reais, a EY diz que, no âmbito da deliberação de operações pelo conselho de administração, verificou que existiram situações onde não esteve presente o presidente da comissão executiva, como exigido pelas normas internas.

Finpro

Finpro
A Finpro, sociedade de investimentos controlada pelo grupo Amorim e pelo Banif, também integra a lista dos negócios que culminaram em perdas de milhões de euros para o banco público. Em causa está o financiamento de 114,1 milhões cedido em 2007 para a empresa comprar a Thames Water, concessionária de águas no Reino Unido. O negócio previa que em 2009 a operação fosse reembolsada por uma eventual Oferta Pública Inicial (IPO na sigla em inglês). O que nunca aconteceu. Em 2015 a Finpro foi declarada insolvente, com a CGD a reclamar créditos de 143 milhões à empresa, dos quais 132 milhões relacionados com este negócio. Ora, segundo a versão preliminar da auditoria da EY, a direção de gestão de risco emitiu vários alertas, os quais foram ignorados e "se traduziram num aumento grave da exposição da CGD ao risco". Além disso, considera que "a monitorização da operação apresentou falhas graves não existindo evidência da emissão de alertas aquando à deterioração da situação".

Vale de Lobo

Vale de Lobo
A Birchview e a Quinta do Lago (QDL) são duas das operações de concessão de crédito consideradas "muito graves" no aumento da exposição da CGD ao risco. Em 2007, o Grupo Aprirose (agora Grupo QDL/Mark Lennher) formalizou contratos de financiamento de médio e longo prazo no valor global de 183 milhões de euros para o desenvolvimento de três lotes na Quinta do Lago, no Algarve. Mais tarde, o projeto foi reformulado e foi decidido apenas desenvolver, pela Birchview, um lote. A EY, na versão preliminar da auditoria, refere que a Direção Geral de Risco (DGR) emitiu um parecer no pressuposto de que a CGD iria financiar apenas 50% do projeto, quando acabou por o fazer a 100%. A administração da CGD não pediu novo parecer e ignorou a recomendação da DGR para a obtenção de garantias reais equivalentes a 120% do empréstimo, tendo aceitado colaterais de apenas 74% e não foi apresentado um estudo de viabilidade do projeto. No final de 2015, a CGD contabilizava imparidades de cerca de 50,9 milhões destes ativos.

Berardo

Berardo
Foram 320,1 milhões de euros de exposição que a 31 de dezembro de 2015 a Caixa tinha a Joe Berardo, através da sua fundação e da Metalgest. O nível de imparidades nessa data era praticamente metade da exposição. Ou seja, a perda atingia mais de 150 milhões de euros. Nada mais é referido, na versão preliminar da auditoria da EY, sobre a concessão de crédito a Berardo, que esteve envolvido, também, nas guerras pelo poder do BCP, mas também surgiu nesses anos associado à Cimpor e à Portugal Telecom. Só que este investidor está na lista das exposições da CGD ao risco considerado elevado. A Caixa Geral de Depósitos financiou Berardo para este poder comprar ações do BCP, com as quais se envolveu na guerra pelo controlo do banco privado, que levou à saída do fundador Jardim Gonçalves e à tomada do poder, mais tarde, por Carlos Santos Ferreira, que levou consigo Armando Vara, depois de terem estado no banco público. Foi também para reforçar no BCP que Berardo vendeu o que tinha na Cimpor.
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