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Marcelo confessa-se “estupefacto” com injeção maior que o previsto no Novo Banco
O presidente da República admitiu ter ficado "estupefacto" com a informação de que o Novo Banco vai precisar de mais dinheiro do Fundo de Resolução do que tinha sido antecipado.
O presidente da República admitiu esta segunda-feira ter ficado "estupefacto" com a notícia de que o Novo Banco precisará de uma injeção de capital maior do que era previsto.
A necessidade desse reforço de capital foi admitida pelo próprio presidente da instituição, António Ramalho, em entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1.
"Ouvi a noticia e fiquei estupefacto com ela mas verdadeiramente não comento este tipo de notícias para não estar a entrar na situação concreta de instituições financeiras", limitou-se a dizer Marcelo Rebelo de Sousa, quando questionado pelos jornalistas numa conferência de imprensa esta segunda-feira.
Na Conversa Capital, publicada hoje no Negócios, António Ramalho afirmou que terá de pedir mais capital ao Fundo de Resolução no próximo ano do que tinha antecipado antes da covid-19.
"No início do ano, fazemos sempre uma previsão e entregamo-la ao Fundo de Resolução. A diferença deste ano é que entre a previsão que fizemos antes da covid e a previsão que faremos depois da covid – que aliás já é do conhecimento da comissão de acompanhamento –, esta será, naturalmente, diferente", reconheceu o gestor.
Sobre os valores antecipados antes e depois da pandemia, António Ramalho preferiu não adiantar. "Não vou dar esse número, porque faz parte dos orçamentos que entregamos ao Fundo de Resolução. Mas acontece basicamente que houve uma deterioração da situação económica e é previsível que essa deterioração, com o cenário que temos hoje, nos vá levar a necessidades de capital ligeiramente suplementares em relação àquelas que existiam", admitiu.
"É conhecido que temos uma proteção de capital nos 12%. É uma proteção de capital contratualizada e, com base nisso, temos de esperar até ao fim do ano para saber o valor. O nosso objetivo fundamental não é tanto quanto vamos utilizar – utilizaremos o que for necessário para não empurrarmos [este processo] com a barriga – mas sim deixar o banco totalmente limpo no final de 2020", explicou.
O Novo Banco já pediu cerca de 3 mil milhões ao Fundo de Resolução de um total de 3,89 mil milhões, e fechou o primeiro trimestre deste ano com prejuízos de 180 milhões. Um período que o presidente da instituição caracteriza como tendo um sabor "doce-amargo".
"Aquilo que é o produto bancário central – que no fundo é a margem financeira, mais as comissões, menos os custos operacionais – aumentou 20% neste trimestre", explicou. "Mas, por outro lado, vimos as nossas imparidades aumentar por causa da covid-19, que também foi uma crise inesperada para nós".