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Machado da Cruz estava no triângulo que fez cair BES

O contabilista do GES esteve seis anos no conselho fiscal do BES Angola. Depois da ESI e da Eurofin, a ligação ao BESA une Machado da Cruz à terceira razão para o BES cair.

08 de Janeiro de 2015 às 00:01
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Durante cerca de seis anos, Francisco Machado da Cruz foi membro do conselho fiscal do BES Angola. Com esta ligação, fica claro que o "commissaire aux comptes" da Espírito Santo International (ESI), que Ricardo Salgado acusou de ser responsável pela ocultação de dívida da ESI, teve um pé no triângulo de empresas que ditou o colapso do Banco Espírito Santo.


Foi entre 2006 e 2012 que Machado da Cruz integrou o órgão responsável pela fiscalização das contas do BES Angola (BESA). Este banco, onde o BES tinha uma participação de 55,71%, foi responsável por 2.750 milhões de euros das necessidades de capital do Novo Banco, na sequência da resolução do BES.

Machado da Cruz assumiu totalmente a responsabilidade dos seus actos. 
Ricardo Salgado
Ex-presidente do BES


Oficialmente, o risco de perdas no BESA nunca foi assumido como uma das justificações para a intervenção no BES. O mesmo já não se pode dizer do esquema de auto-financiamento que o banco tinha a funcionar com recurso a intermediários financeiros externos, que adquiriram obrigações do BES através de veículos que depois voltavam a colocar nos clientes da instituição.

 

A Eurofin, uma sociedade suíça com ligações antigas ao universo Espírito Santo, foi um dos principais intermediários a que o banco recorreu, num esquema que gerou perdas de 1.500 milhões no BES. Entre 2007 e 2012, Machado da Cruz trabalhou em várias empresas da Eurofin Holding.


Mas foi pelas funções de contabilista da ESI que o economista ficou conhecido, a partir do momento em que Ricardo Salgado o apontou como responsável pela ocultação de 1.300 milhões de passivo desta sociedade. A dívida oculta  da "holding" de topo do Grupo Espírito Santo (GES) foi apenas a primeira ponta visível  dos problemas financeiros do GES que levaram as principais sociedades deste universo à falência.

 

O buraco do braço não financeiro do grupo acabou por arrastar o BES. Nas contas de Junho, a exposição directa e indirecta do banco ao GES levou ao registo de cerca de dois mil milhões em provisões, mais de metade dos prejuízos recorde do BES nessa data.

 

Presumo que o Machado da Cruz não tenha decidido por conta própria. 
José Manuel Espírito Santo
Ex-administrador do BES

 

Não está fugido, não está desaparecido, nem está em local desconhecido. 
Fernando Negrão
Presidente da comissão parlamentar de inquérito.
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