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Lusitania regista perdas quatro vezes superior ao inicialmente anunciado em 2016

A Lusitania teve prejuízos de 16 milhões de euros em 2017. Em 2016, as perdas tinham sido de 34,6 milhões, valor que resultou de uma revisão em baixa face aos 8,4 milhões que estavam contabilizados. A companhia de seguros do ex-BPN foi a grande responsável. O Público refere que a accionista Montepio injectou 30 milhões este ano.

Miguel Baltazar
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A Lusitania teve de rever em baixa as contas de 2016. A empresa, que pertence ao Montepio, teve prejuízos mais de quatro vezes superior ao inicialmente revelado. A alteração deu-se aquando do anúncio dos resultados de 2017, em que registou novamente um resultado líquido negativo.

 

O resultado líquido individual da Lusitania Seguros foi de 34,6 milhões de euros negativos em 2016, um valor reexpresso face aos 8,4 milhões de perdas avançadas nas contas daquele ano, segundo explica o relatório e contas de 2017, conforme avança o Público esta segunda-feira, 14 de Maio. 

 

A diferença entre os dois números, para o mesmo ano, deve-se ao reconhecimento da perda do valor que a Lusitania tinha pago, em 2009, em excesso pela Real Seguros, seguradora do antigo BPN. Naquele ano, a "companhia reconheceu um ‘goodwill’, decorrente do excesso do custo de aquisição sobre o justo valor dos activos líquidos adquiridos, o qual foi adicionado àqueles que transitaram do passado (anterior plano de contas), relativos às aquisições das carteiras da Genesis e da Royal Sun Alliance".

 

Esta contabilização tem de ser alvo de testes de imparidade. A determinação da KPMG, auditora, e da Lusitania, companhia que emprega 504 funcionários, foi a anulação de todo esse valor reconhecido anteriormente.

 

A correcção tirou 26,2 milhões de euros à companhia seguradora presidida por Fernando Nogueira. Assim, ao prejuízo de 8,4 milhões de 2016, foram adicionadas aquelas perdas, resultando num resultado líquido negativo de 34,6 milhões.

 

As contas da Lusitania, de 2016, já tinham sido alvo de certificação legal pela KPMG, contando com uma reserva, por "limitação de âmbito", "uma vez que, devido a alterações significativas ocorridas nos sistemas de informação naquele ano, não [tinha] sido possível à entidade [Lusitania] disponibilizar a informação necessária que permitisse concluir sobre a existência de eventuais imparidades destes activos".

 

No exercício de 2017, "foi possível à entidade proceder à realização dos testes de imparidade dos referidos activos intangíveis". Só que a KPMG considerou que essas imparidades já se verificavam no final de 2016, pelo que foi nesse ano que houve a alteração.

 

Se tivesse tido efeito em 2017, teria tido impacto nas contas desse ano. O que não aconteceu. Assim, a companhia seguradora do ramo não vida teve um prejuízo de 16,3 milhões em 2017, o que corresponde a uma melhoria face ao prejuízo de 34,6 milhões no ano passado.

 

Injecção de 30 milhões

 

"Os capitais próprios, consequentemente, reduziram-se para 13,9 milhões de euros, reflectindo uma variação negativa de aproximadamente 11 milhões de euros face ao exercício de 2016 reexpresso", indica o relatório e contas de 2017. Os capitais próprios são de 13,9 milhões. A companhia tem resultados transitados de 96 milhões negativos, resultado de os últimos anos terem sido terminados com perdas.


A Lusitania é detida, em 96,78%, pela "holding" dos seguros do Montepio. De acordo com o Público, esta sociedade-mãe teve de proceder a nova injecção de 30 milhões na companhia, por determinação da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF). Isto depois de em 2015 ter feito já a entrega de prestações suplementares, convertíveis em capital, de 61,5 milhões de euros. 

 

A sociedade Montepio Seguros é detida pela Montepio Geral – Associação Mutualista, presidida por António Tomás Correia, que colocou 60% do seu capital à venda, acordando a alienação com os chineses da CEFC China Energy. A operação está a ser avaliada pela ASF, mas o próprio líder da associação tem poucas certezas sobre a operação. A Montepio Seguros é dona da Lusitania Companhia de Seguros, da Lusitania Vida, da N Seguros e da Futuro. 

Em entrevista ao Negócios, Tomás Correia já tinha admitido que a área seguradora pode precisar de capital. 

A Montepio Seguros SGPS SA, que detém as quatro companhias seguradoras, tem um valor no balanço da associação presidida por Tomás Correia de 256 milhões de euros. A este montante está associada uma imparidade de 149 milhões de euros, pelo que o valor líquido deste activo se encontra em 106 milhões. 

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