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Lucros do BCP disparam 80% para nível mais alto em 12 anos
O banco liderado por Miguel Maya obteve lucros de 153,8 milhões no primeiro trimestre deste ano, um valor que ficou bem acima do esperado pelos analistas.
Os resultados líquidos do Banco Comercial Português aumentaram 80% para 153,8 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, anunciou o banco liderado por Miguel Maya em comunicado.
Os lucros ficaram acima do esperado pelos analistas, que apontavam para resultados líquidos de 108,7 milhões de euros, de acordo com as projeções de três bancos de investimento, que oscilavam entre 98 e 114 milhões de euros.
É preciso recuar a 2007 (191,3 milhões de euros) para encontrar um primeiro trimestre com lucros mais elevados para o BCP. Além disso, o primeiro trimestre deste ano foi o quarto consecutivo de aumento homólogo de lucros no maior banco privado português.
A contribuir para este resultado esteve a melhoria da margem financeira. O indicador situou-se nos 362,7 milhões de euros, o que representa um aumento de 5,2% em comparação com o mesmo período do ano anterior, "devido ao bom desempenho, quer da atividade em Portugal, quer da atividade internacional", refere o banco.
As comissões líquidas situaram-se nos 166,6 milhões de euros no primeiro trimestre de 2019, o que compara com 167,8 milhões de euros no trimestre homólogo do ano anterior, condicionadas pela redução verificada na atividade internacional, nomeadamente na subsidiária na Polónia. Já na atividade em Portugal, as comissões cresceram 1,7% para 114,9 milhões de euros, impulsionadas pelo aumento das comissões bancárias.
Já os resultados em operações financeiras cresceram 75,1% para 60,3 milhões de euros. Segundo a instituição financeira liderada por Miguel Maya, "esta evolução traduz maioritariamente o desempenho da atividade em Portugal, por via dos ganhos gerados com a alienação de títulos [de dívida pública] e dos menores custos suportados com a alienação de créditos".
Também a melhoria da qualidade dos ativos ajudou os resultados. Segundo o BCP, houve uma "redução significativa dos NPE [Non-Performing Exposure, nos quais se incluem o crédito malparado]". Nos primeiros três meses, o volume recuou 1,9 mil milhões de euros face a 31 de março de 2018, dos quais 1,8 mil milhões de euros decorrem da atividade em Portugal.
Por outro lado, os custos aumentaram. Estes cifraram-se em 253,5 milhões de euros, face a 242,6 milhões de euros, "influenciados maioritariamente pelo aumento registado na atividade internacional, mas também na atividade em Portugal, pese embora com menor expressão".
Resultado em Portugal mais do que duplica
Na atividade em Portugal, o resultado líquido mais do que duplicou, alcançando os 94,3 milhões de euros no período em análise. Isto face aos 44,5 milhões registados no período homólogo. Esta evolução deve-se ao "desempenho positivo da generalidade das rubricas, merecendo particular destaque a diminuição das imparidades e provisões e o aumento dos resultados em operações financeiras e dos outros proveitos de exploração líquidos", nota a instituição financeira.
Neste caso, a margem financeira fixou-se nos 201,5 milhões de euros no primeiro trimestre de 2019, o que revela um aumento de 4,9%, "justificado na sua maioria pela redução do custo do funding, nomeadamente pela diminuição do custo da dívida emitida e dos passivos subordinados.
Quanto à atividade internacional, o resultado líquido do primeiro trimestre de 2019 apresentou um crescimento de 12,1% para 46,1 milhões de euros. Sobre esta evolução, o banco salienta o "aumento do contributo da subsidiária em Moçambique e do Banco Millennium Atlântico em Angola". Já a Polónia apresentou um crescimento ligeiro dos resultados, de 0,3% para 37,3 milhões de euros.
"Hoje temos um bom portefólio de operações internacionais", afirmou Miguel Maya, presidente do BCP, durante a apresentação de resultados.