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Lucro do BPI sobe 14% para 444 milhões de euros até setembro
A operação em Portugal cresceu 17%, contribuindo com 380 milhões de euros. A margem financeira vai cair mas o banco garante que não vai compensar com um aumento das comissões.
O BPI registou um lucro de 444 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2024. O resultado representa uma subida de 14% face ao resultado obtido no período homólogo.
Em Portugal o lucro cresceu 17% para 380 milhões de euros. A operação internacional contribuiu com os outros 64 milhões: o angolano BFA foi responsável por 39 milhões de euros (menos 8% do que em setembro de 2023, explicado pela evolução do kwanza) e o BCI contribuiu com 25 milhões (mais 5%).
O produto bancário atingiu o número redondo de mil milhões de euros (11% acima dos 902 milhões verificados no período homólogo).
"Apesar dos ajustamentos das taxas de juro mantemos níveis de margem financeira equivalentes aos que tínhamos no início do ano", referiu o CEO da instituição financeira, João Pedro Oliveira e Costa na apresentação dos resultados.
O movimento de queda da margem deverá continuar, face à previsível redução das taxas de juro, daqui para a frente vamos continuamente assistir à redução da margem financeira, mas o CEO do BPI garante que o banco não vai compensar essa diminuição de receita com um eventual aumento das comissões.
"Se vamos aumentar comissões? A resposta é não. Não há espaço", afirmou, explicando que "o grande desafio será aumentar o volume de negócios". O que "vai ajudar o mercado e o consumidor final, porque vai haver maior competitividade".
E sem aumento de comissões, qual a alternativa? "Há estratégias possíveis, como uma maior aposta em certa áreas de negócios como o campo das empresas", disse.
Dois terços do novos créditos à habitação são com taxa mista
A carteira de crédito teve um crescimento de 2% para 30,3 mil milhões de euros, com o crédito a particulares a manter-se quase estável nos 16,5 mil milhões de euros (mais 1% do que no período homólogo).
Na carteira de crédito à habitação observou-se uma subida de 2% para 14,9 mil milhões de euros. Ainda assim, a contratação de novos empréstimos para comprar casa cresceu 6,5% para 1,95 mil milhões de euros. "Dois terços da contratação de crédito à habitação já é a taxa mista", avançou o CEO do BPI. A taxa fixa já representa apenas 23% do total de novas concessões.
O malparado, medido nos critérios da EBA (sigal inglesa para a Autoridade Bancária Europeia) está nos 541 milhões de euros (1,4%, abaixo dos 1,5% registados no final de 2023).
Os depósitos de clientes totalizam 29,5 mil milhões de euros, um valor 4% acima do registado em setembro de 2023.
Os custos mantiveram-se em 376 milhões de euros, num "mix" que resulta de um aumento da despesa com pessoal e com gastos gerais administrativos (mais 1% e mais 2% respetivamente), balanceada com uma diminuição de 9% em amortizações.
O banco continua com rácios de capital estáveis. O CET 1 (sigla para a expressão inglesa "Common Equity Tier 1") está nos 13,9%, abaixo dos 14,1% do final do ano passado mas acima do requisito de 9,39%.
Nos primeiros nove meses do ano, o BPI pagou 180 milhões de euros em impostos, acima dos 143,5 milhões entregues ao Tesouro em setembro de 2023.
Dividendos próximos de 500 milhões
No próximo ano, o volume de dividendos que o BPI vai entregar ao acionista Caixabank não deverá ser muito difente dos transferidos neste ano.
Ainda falta um trimestre para completar 2024, mas o CEO recorda que a política da instituição é entregar 65% dos resultados em Portugal e 100% do lucro da operação em Angola e em Moçambique. As contas resultaram na transferência para Espanha de 517 milhões de euros relativos a 2023, valor que não deverá ser muito diferente quando as contas de 2024 forem apuradas.
"Deverá ser muito próximo do ano anterior", afirmou João Pedro Oliveira e Costa.