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Louçã e Marques Mendes juntos na censura ao salário de António Domingues

São dois conselheiros de Estado a levantar dúvidas em relação ao salário mensal superior a 30 mil euros de António Domingues. Pagar este valor é “minar a confiança”, diz Marques Mendes.

David Martins/Correio da Manhã
20 de Outubro de 2016 às 12:01
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Esquerda e direita juntaram-se hoje nas críticas ao salário de 423 mil euros brutos por ano de António Domingues na Caixa Geral de Depósitos. Francisco Louçã e Luís Marques Mendes têm palavras de desagrado em relação a esta remuneração.

 

Domingues colocou como uma das condições para sair do BPI para o banco do Estado a retirada da CGD do estatuto do gestor público, que colocava limites a aumentos salariais. O Governo aceitou. "No momento em que o Governo diz que sim, a questão está ultrapassada", segundo relatou o social-democrata, Marques Mendes, na conferência "Portugal em Exame", realizada esta quinta-feira, 20 de Outubro, em Lisboa.

 

Criticando o regime anterior e o novo, criado pelo actual Governo, Marques Mendes defende que devia haver uma posição de "equilíbrio". "Não acho que um gestor tenha de ganhar uma miséria, porque o barato sai caro. Mas na altura em que se vive, no sector público, num sector como a banca, passar para este valor é uma coisa que ajuda a minar a confiança", argumentou. "É mais uma pancada na credibilidade da confiança das pessoas".

 

Por seu turno, Francisco Louçã alinha que "em funções de alta responsabilidade deve haver um salário adequado". No entanto, há uma "ideia falsa", que o bloquista diz ser comprovada pelos factos, de que "pagando 30 ou 40 mil euros por mês a um banqueiro se tem um bom desempenho".

 

"Se fosse assim, porque é que a banca está como está? Porque esses salários foram pagos", questionou-se o académico, dando exemplos como as remunerações pagas em bancos que acabaram por entrar em dificuldades como o BCP ou mesmo por desaparecer, como o BES. 

 

Para Louçã, "dar salários muito altos não garante nada que haja um bom desempenho". "O que garante são as boas regras, a cultura", especificou.

 

Os salários na CGD, com os 423 mil euros anuais do presidente executivo a serem dos mais elevados, foram já criticados pelos partidos mais à esquerda que sustentam o Governo e, além dos dois conselheiros de Estado, também Marcelo Rebelo de Sousa lançou críticas. O primeiro-ministro António Costa já veio defender que não podia correr o risco de pagar mal e não ter aquele que considera ser o melhor.

 

O salário de António Domingues foi revelado no Parlamento na terça-feira por Mário Centeno depois de várias semanas em que o Governo e a CGD não responderam às sucessivas questões do Negócios sobre o tema.

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