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Lesados do BES cortam trânsito na avenida Almirante Reis em Lisboa

As dezenas de lesados que investiram em papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) estavam, pelas 12h30, concentrados junto às instalações do Novo Banco na avenida Almirante Reis, em Lisboa, obrigando ao corte do trânsito.

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27 de Agosto de 2015 às 13:19
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O protesto teve início pelas 11h00 junto ao Ministério das Finanças, em Lisboa, onde os manifestantes atiraram ovos contras as janelas e as paredes do edifício governamental, tentaram furar o cordão policial e atirar cartazes para o interior do ministério.

 

As dezenas de clientes lesados seguiram então pela Praça da Figueira, pelo Martim Moniz até à avenida Almirante Reis, onde estão situadas as instalações do Novo Banco e do Banco de Portugal, causando um corte no trânsito.

 

Ao longo do percurso, os manifestantes foram acompanhados por vários elementos da polícia e por carrinhas do corpo de intervenção da PSP.

 

Entre os vários lesados estão residentes em Portugal, mas também muitos emigrantes que criticam a proposta de reembolso faseado do capital investido, que foi apresentada pelo Novo banco.

 

É o caso de Valentim Santos, de 56 anos, que esteve emigrado 28 anos na Suíça e que conta a sua história: "O que me aconteceu é que pedi um depósito a prazo e foi-me infiltrado um produto tóxico que desconhecia por completo".

 

Valentim Santos relatou à Lusa que na altura perguntou ao gestor que tipo de depósito era aquele e que a resposta foi que era um depósito a prazo específico para emigrantes.

 

"Eu já não sou emigrante há muitos anos mas como tinha um endereço antigo, claro que foram buscar esse endereço. Só me apercebi quando realmente venceram os depósitos que, se formos a ver, nem eram depósitos, mas sim acções que eu totalmente desconhecia", contou.

 

Sobre a proposta para um reembolso faseado, o lesado apelou para que ninguém assine, dizendo tratar-se "de uma falsidade total".

 

"Eles que leiam bem a proposta. O que lá está é totalmente para nos roubarem outra vez. Não façam mais asneiras que eles vão-nos lapidar tudo e dar apenas 4,3% do capital. Desistir nunca, assinar jamais", afirmou.

 

Fernando Alves, de 81 anos, diz ter perdido as poupanças de toda uma vida, parte dela também como emigrante, com o papel comercial comprado aos balcões do Banco Espírito Santo (BES).

 

"O dinheiro do emigrante é sangue, muitas vezes os emigrantes privam-se de beber uma cerveja ou de ir ao cinema para poupar uns tostões. Agora veem-se roubados de tudo, isto não é justo", disse, pedindo a prisão para Ricardo Salgado, ex-presidente do BES, e não apenas a prisão domiciliária "com segurança à porta".

 

O vice-presidente da Associação dos Indignados e Enganados do Papel Comercial (AIEPC), Alberto Neves, sublinhou que o Estado tem uma responsabilidade civil nesta situação considerando que o primeiro-ministro e a ministra das Finanças revelaram "uma péssima tomada de decisão política aquando da resolução para ocultar alegadamente o défice de 2014".

 

Alberto Neves considera ser da mais elementar responsabilidade social que se chegue a um consenso antes das eleições e com uma proposta ou soluções que estabilizem essa situação e o sistema financeiro português.

 

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