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KPMG não tem provas que esquema de financiamento com perdas para o BES tenha ajudado o GES

"Não temos evidências documental de que as transacções [do esquema de financiamento que causou perdas ao BES] tenham sido efectuadas através da Eurofin e que o dinheiro tenha sido utilizado para pagamento de dívida do GES a clientes do BES", disse Inês Viegas, da KPMG.

Miguel Baltazar/Negócios
28 de Janeiro de 2015 às 18:53
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Foi o próprio Banco Espírito Santo que informou a KPMG que o esquema de financiamento que causou perdas ao banco no primeiro semestre de 2014 estava a ser usado para que o Grupo Espírito Santo pagasse dívida a seus clientes. A KPMG não tem a certeza disso. Nem tem provas de que a Eurofin tenha sido utilizada nessa operação.

 

Sabe-se que há um esquema em que o BES emitiu obrigações e colocou-as através de intermediários (que podem ter sido vários). Depois o Espírito Santo Bank Panamá, que pertence ao GES, comprava e vendia os mesmos títulos a terceiros. "O que nos apercebíamos é que o Panamá comprava e vendia e fazia praticamente ganhos instantâneos", descreveu Inês Viegas, sócia da KPMG.

 

Contudo, estes ganhos não eram apropriados pela unidade do GES. [A apropriação estava a ser feita por] terceiros e, até hoje, não sabemos quem é", disse a responsável da KPMG, que auditava o BES, na comissão de inquérito.

 

Ao deputado comunista Miguel Tiago, Inês Viegas explicou que foi o próprio departamento financeiro do banco, liderado por Isabel Almeida, que disse que quem estava a registar os ganhos com aquelas operações (que acabaram por causar perdas ao BES, que as recomprou a um preço mais baixo do que o da emissão) era o Grupo Espírito Santo.

 

Nessa explicação, Inês Viegas leu uma acta de uma reunião do conselho de administração do BES, de 30 de Julho de 2014, em que disse que foi o departamento financeiro do banco que informou que as "transacções foram efectuadas através da Eurofin" e que as mesmas serviam para "pagamento de dívida do GES detida por clientes do BES". 

 

O próprio Ricardo Salgado, na sua audição, disse isso mesmo. "Tal como espero que venha a ser exaustivamente demonstrado, o objectivo exclusivo destas operações passava pela protecção de clientes do BES", afirmou o antigo banqueiro. Mas a KPMG não tem provas físicas disso.


"Não temos evidências documental de que as transacções tenham sido efectuadas através da Eurofin e que o dinheiro tenha sido utilizado para pagamento de dívida do GES a clientes do BES", informou Inês Viegas.

 

Esta é uma questão que tem gerado bastantes dúvidas ao longo da comissão de inquérito, já que há dificuldades em ver todo o esquema de financiamento, nomeadamente o grupo de intermediários e de beneficiários deste esquema, que contribuiu para que os prejuízos alcançassem os 3.577 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2014 – que levaram o Banco de Portugal a optar pela resolução já que os rácios do banco iriam ficar abaixo do exigido pelos reguladores. 

 

O regulador falou num esquema eventualmente fraudulento na primeira vez que se referiu a estas operações mas a auditoria forense que está a fazer - e que se irá debruçar, também, sobre ele -, apesar de prometida para Outubro de 2014, ainda não está concluída.

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