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FMI ainda não está satisfeito com situação da banca portuguesa

Washington pede aumentos de capital no sector financeiro, mais cortes nos custos e uma actuação mais dura sobre o crédito malparado. As autoridades nacionais dizem que, no próximo ano, a rentabilidade terá recuperado.

06 de Agosto de 2015 às 16:05
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Os bancos deveriam ser capazes de ir ao mercado buscar mais capital, de forma a terem uma almofada para se protegerem em casos de crise, na opinião do Fundo Monetário Internacional. De Portugal, a resposta é a de que se espera que no próximo ano já o consigam.

 

Começando pelo princípio: no segundo relatório do FMI pós-programa de ajustamento, Washington diz que há um grande desafio para o sector financeiro português: "a baixa rentabilidade".

 

Até houve lucros no primeiro trimestre, lembra a entidade presidida por Christine Lagarde. Os resultados dos maiores bancos no primeiro trimestre foram positivos. "Mas, em grande medida, reflectiram mais-valias obtidas de operações financeiras", como a venda de dívida. Esses são ganhos extraordinários e não recorrentes; e que até correm riscos: "a volatilidade nos mercados de dívida soberana poderá ter um impacto adverso na rentabilidade das operações financeiras dos bancos".

 

De Portugal vai uma ideia de que não é preciso preocupação: a solvência e a rentabilidade dos bancos estão "a recuperar gradualmente". As autoridades nacionais responderam ao FMI ao dizer que esperam que as imparidades e os custos venham a descer "até ao próximo ano".

 

Malparado ainda sobe

 

Mas a conclusão do conselho de administração do FMI é a de que são "desejáveis" mais passos para fortalecer os balanços dos bancos. "A fraca rentabilidade deixa pouco espaço para os bancos absorverem perdas adicionais, num contexto em que os créditos malparados ainda estão a subir", diz a administração da instituição de Washington.

 

O FMI defende que são necessários "mais esforços concertados" para "reduzir os custos operacionais", um passo a dar para "melhorar o desempenho financeiro e acelerar o processo de recuperação do balanço". Nos últimos anos, grande parte dos bancos tem vindo a fechar balcões e a rescindir com trabalhadores para diminuir o peso na área dos custos.

 

O que vai no sentido de um aviso deixado pelo FMI: "Os bancos não devem fazer depender a reparação dos seus balanços unicamente do crescimento económico".

 

Os passos essenciais

 

Na óptica dos técnicos do FMI, há três passos essenciais para o sector bancário: esforços para captar mais capital nos mercados, dar uma resposta cabal relativamente aos activos de qualidade duvidosa (crédito malparado) e melhorar o desempenho financeiro. E é sobre isto que as autoridades nacionais respondem: depois da limpeza dos balanços, com redução dos custos e imparidades, "no próximo ano", os bancos portugueses "deverão ser capazes de aproveitar as condições de mercado para aumentar o capital".

 

De qualquer forma, e apesar das dúvidas sobre o malparado, a instituição que participou no resgate financeiro internacional a Portugal defende que o "sistema financeiro como um todo continua a ter uma capitalização adequada, com uma queda na dependência face ao financiamento do Eurosistema".

 

Sobre a banca, o FMI também deixa um pedido: o de as autoridades nacionais retirarem "incerteza" de cima da mesa ao dizerem como é que os bancos vão absorver eventuais perdas com a venda do Novo Banco. 

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