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Crédito Agrícola aproveita resolução do Banif para abrir balcão no Funchal
O grupo cooperativo é favorável à consolidação na banca portuguesa mas não está a estudar projectos de aquisição. Entretanto, o Crédito Agrícola não teme a concorrência do Banco CTT.
O Crédito Agrícola vai abrir, até ao final do ano, um novo balcão no Funchal. Faz parte de um "pequeno plano de expansão" que o grupo bancário tem delineado para várias zonas urbanas e na região autónoma da Madeira.
"Era uma área que não era coberta", justifica Licínio Pina, o presidente executivo do banco cooperativo, na apresentação de resultados de 2015, em que registou lucros de 40,7 milhões de euros, esta terça-feira, 22 de Março.
Questionado sobre se a aplicação da medida de resolução ao Banif, com forte presença na Madeira, tinha sido o motivo para esta abertura, o CEO do Crédito Agrícola admitiu que "foi uma janela de oportunidade". Como não houve um grupo que se juntasse para criar uma unidade no arquipélago, a Caixa Central interveio e decidiu ela mesmo abrir.
Mas o crescimento também será perto das cidades, onde o grupo tem uma menor presença.
"Identificámos algumas zonas urbanas que carecem dessa proximidade", diz Licínio Pina, remetendo para Lisboa e Porto. "Temos oportunidade de crescer onde não temos [presença]", indica, sublinhando os cortes feitos por bancos concorrentes.
Sem medo do Banco CTT
Sobre a concorrência do Banco CTT, que, ao contrário do sector, abriu os primeiros balcões na semana passada, Licínio Pina defende que estes foram abertos nas zonas urbanas de Lisboa e Porto, onde está menos presente. "É mais um banco concorrente", desvalorizou.
Contudo, apesar do plano de expansão na Madeira e nas zonas urbanas, o grupo com forte exposição ao interior não quer aumentar em muito a presença física. "A banca do futuro não passará por muitos locais físicos" mas o tipo de clientes do Crédito Agrícola necessita de um balcão físico.
Mas não há números: "iremos fazer [o plano de expansão] com cautela, sem ter em mente nenhum número". Em 2015, o grupo contava com 675 agências bancárias, em que trabalhavam 4.078 colaboradores. São menos oito balcões e menos 30 funcionários face a 2014. Não há previsões de cortes de pessoal no futuro: "os balcões funcionam já devidamente optimizados no que diz respeito a recursos humanos".
Crédito Agrícola favorável à consolidação
Mais uma vez, Licínio Pina mostrou-se favorável à consolidação no sector. "Quanto mais consolidarem os bancos, melhor. Mais aptos ficam a financiar a economia. E serão menos concorrentes", disse o presidente executivo do grupo.
"Quanto à espanholização de que se fala, não tenho nenhum receio. Se houver necessidade de capital para a banca, pois ele que venha de onde vier", indica.
Contudo, não será pela mão do Crédito Agrícola que haverá consolidação. Depois de terem falhado a compra do BBVA, não voltou a haver novo processo. "Neste momento, não estamos com nenhum projecto de aquisição de nenhuma rede ou de qualquer outro banco".