O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Vítor Constâncio não esclarece quem presidiu à reunião do BCE em que foi tomada a decisão de suspender o estatuto de contraparte do Banif em Dezembro e garantiu que "não houve qualquer imposição" ao Banco Santander Totta, enquanto comprador daquela instituição.

"Relativamente à questão do Santander, o Santander tomou as suas decisões em total liberdade. Não houve qualquer imposição ou interferência nas decisões do Santander, isso é muito claro. O Santander tomou as suas decisões sem qualquer pressão ou interferência. Isso não podia acontecer e não aconteceu", declarou esta quinta-feira, 7 de Abril, respondendo à pergunta de um deputado espanhol do partido Podemos sobre o processo de resolução e venda do Banif ao Santander.

Constâncio, que se deslocou à comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas, para apresentar o relatório anual do BCE, passou de imediato às questões seguintes e ignorou as dos jornalistas, à saída da comissão. Instado a confirmar se presidiu à reunião do Banco Central na qual a decisão de suspensão do estatuto de contraparte foi tomada, Vítor Constâncio ignorou as perguntas e caminhou em passo rápido sem prestar declarações.

Na terça-feira passada, o governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, escusou-se a dizer se foi Constâncio quem presidiu a essa reunião dos governadores, que teve lugar a 16 de Dezembro. O encontro esteve no centro de algumas perguntas do deputado do CDS-PP João Almeida a Carlos Costa na comissão parlamentar de inquérito.

Questionado sobre quem presidiu à reunião que ditaria o alerta de suspensão do estatuto de contraparte (capacidade de financiamento a nível europeu) do Banif, Carlos Costa respondeu, sem concretizar, que foi a "pessoa habilitada para presidir naquele momento e naquelas circunstâncias" à reunião. 

"Eu sei que era o doutor Vítor Constâncio e você também sabe", declarou depois João Almeida, numa das mais acesas trocas de palavras da tarde. "Por que é que precisa que confirme as suas certezas?", respondeu Carlos Costa. Depois, o governador declarou estar "vinculado ao código de conduta" do seu cargo, código esse que "tem de respeitar", justificando desse modo não responder à pergunta do parlamentar centrista.