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Carta de Domingues a Centeno reafirma compromisso de não mostrar rendimentos
Carta de António Domingues a Mário Centeno reafirma que tinham acordado que a sua equipa não teria de mostrar rendimentos e património ao Tribunal Constitucional, avança o Eco.
António Domingues escreveu a Mário Centeno a 15 de Novembro a dar conta da sua estranheza quanto à ideia de que teria de que a sua equipa teria de apresentar a declaração de rendimento e património ao Tribunal Constitucional.
Na missiva, a que o jornal Eco teve acesso, o ex-líder da Caixa explicita que exclusão do banco do conjunto de entidades sujeitas ao Estatuto do Gestor Público visava, entre outras coisas, garantir que tal declaração não seria necessária o que, no seu entender, é uma condição essencial para conseguir contratar uma equipa de gestores profissional para a Caixa.
Mais à frente, o ex-BPI, explicita a sua oposição: "De facto, a não sujeição da administração a esse estatuto (…) tem, para além do mais, como consequência a não submissão ao dever de entregar ao TC a declaração de património e consistia, desde o início, uma premissa essencial para o projecto de recapitalização da CGD na ótica do investidor privado, na medida em que permitia — como permitiu — atrair para o projecto uma equipa internacional de profissionais (…) e foi uma das condições acordadas para aceitar o desafio de liderar a gestão da CGD e do mandato para convidar os restantes membros dos órgãos sociais, como de resto o Ministério das Finanças confirmou".
Em Abril de 2016 António Domingues foi avançado como futuro presidente da CGD e em Junho o Governo excluiu a Caixa da aplicação do Estatuto do Gestor Público (EGP), enquanto Marcelo Rebelo de Sousa deu luz verde ao fim dos tectos salariais no banco público.
Em Outubro, depois de o comentador Marques Mendes ter revelado que a exclusão do EGP excepcionava os administradores da Caixa da obrigação de entrega de declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional, o Ministério das Finanças admite que os gestores estão desobrigados de prestar informação ao TC e que foi intenção do Governo fazer a lei assim. Contudo, no mesmo dia, ao DN, o secretário de Estado do Tesouro e Finanças, Ricardo Mourinho Félix, admitiu que se existe uma lei que obriga a apresentar a declaração de redimentos, então que ela fosse apresentada.
Domingues, já presidente da Caixa, dizia-se na altura - final de Outubro - convencido de que a lei 4/1983 - que obrigava à entrega da declaração no TC - não se aplicava à sua equipa. E a 15 de Novembro - data da carta de Domingues a Centeno - o ministro das Finanças remeteu a análise da situação para o TC e para a administração da Caixa, aproximando-se assim da tese de Marcelo Rebelo de Sousa e de António Costa.