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Capital estrangeiro controla quase metade do sistema bancário

Entre os principais bancos a operar em Portugal, mantêm-se actualmente 100% portugueses a Caixa Geral de Depósitos, que é pública, e ainda os mais pequenos Montepio e Crédito Agrícola.

Miguel Baltazar/Negócios
17 de Dezembro de 2016 às 10:38
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Os bancos controlados por investidores estrangeiros ou em que o capital estrangeiro é preponderante representam quase metade do sistema bancário português, quer em activos quer em passivos, segundo cálculos feitos pela Lusa com dados da APB.

Os bancos Millennium BCP, Santander Totta e BPI, mas também os mais pequenos BIC, BBVA, Barclays (este último comprado, em Abril deste ano, pelo espanhol Bankinter) ou Haitong (ex-BES Investimento) representavam, no final do primeiro semestre, cerca de 47% do total de activos do sistema bancário.

Estas contas foram feitas a partir dos últimos balanços consolidados disponíveis no 'site' da Associação Portuguesa de Bancos (APB), segundo os quais em Junho de 2016 o activo total do sistema bancário português (aplicações noutras instituições de crédito, instrumentos financeiros, como acções e obrigações, mas sobretudo crédito a clientes) ascendia a 371 mil milhões de euros.

Estes bancos com capital estrangeiro maioritário ou predominante tinham ao todo um passivo correspondente a 47% do total que era de 343 mil milhões de euros no final de Junho.

O passivo bancário agrega as responsabilidades que os bancos têm para com terceiros, de que se destacam os depósitos dos clientes.

No capital estrangeiro na banca portuguesa é evidente a predominância de Espanha, um investidor mais tradicional no mercado financeiro em Portugal, mas também de Angola, com investidores fortes que chegaram nos últimos dez anos.

Mais recentemente verifica-se a ofensiva dos investidores chineses na banca, que segundo vários analistas aproveitam Portugal e os preços ‘a desconto’ actualmente existentes como uma oportunidade para entrarem na Europa.

Esta aposta materializou-se em força em Novembro com a entrada do grupo chinês Fosun no BCP e logo como principal accionista, superando a petrolífera angolana Sonangol.

Até aí, o investimento chinês na banca limitava-se ao BES Investimento, que foi comprado em 2015 pelo grupo Haitong, de Hong Kong.

Contudo, é de referir que, nos seguros, a Fidelidade - a maior seguradora a operar em Portugal e que pertencia à CGD – foi para as mãos dos chineses da Fosun em 2014.

Entre os principais bancos a operar em Portugal, mantêm-se actualmente 100% portugueses a Caixa Geral de Depósitos, que é pública, e ainda os mais pequenos Montepio e Crédito Agrícola.

Também o Novo Banco, o banco de transição que ficou com ativos e passivos do Banco Espírito Santo (BES), é para já totalmente detido por capital português (do Fundo de Resolução Bancário), uma situação que deverá ser provisória.

Isto porque o Novo Banco está em processo de venda e a imprensa tem adiantado que o fundo chinês Minsheng apresentou a melhor proposta financeira, acima das propostas dos fundos norte-americanos Apollo e Lone Star.

O problema é que, segundo os jornais, os chineses da Minsheng têm tido dificuldade em dar garantias financeiras de que conseguirão pagar o preço oferecido caso sejam escolhidos para comprar o banco, o que poderá fazer derrapar a venda do Novo Banco para Janeiro.

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