O Banco Espírito Santo (BES) vai divulgar os resultados do primeiro semestre no próximo dia 30 de Julho, em vez de 25, revelou o banco em comunicado emitido para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Os investidores vão ter assim de esperar mais uns dias para conhecerem as contas dos primeiros seis meses do ano do banco liderado por Vítor Bento, isto numa altura em que as questões que envolvem a instituição bancária são muitas.

Em causa estão as perdas que o banco deverá assumir devido aos problemas financeiros que várias empresas do Grupo Espírito Santo (GES) estão a atravessar. O banco já revelou que tem uma almofada de capital superior à exposição directa e dos clientes de retalho ao GES.

O BES diz que tem uma almofada de capital de 2.100 milhões de euros. Um valor que supera a soma da exposição directa que o banco tem às empresas do Grupo Espírito Santo (1.183 milhões de euros) e à exposição dos seus clientes de retalho (853 milhões de euros). A exposição dos clientes institucionais supera os 2 mil milhões de euros, mas sobre este montante o banco não tem responsabilidade.

Contudo, o banco terá de reflectir nas suas contas as potenciais perdas, que os investidores temem que sejam superiores. Além disso, as perdas que o banco terá de assumir não deverão ser incorporadas na totalidade nos resultados destes primeiros seis meses.

Ainda esta terça-feira, 22 de Julho, o Citi emitiu uma nota de análise onde quantifica em 2,1 mil milhões de euros as potenciais perdas relacionadas com o GES e entre "zero e 2,7 mil milhões de euros" de perdas associadas ao BES Angola. "Estimamos que as perdas totais possam resultar em necessidades de capital entre 1,9 e 4,3 mil milhões de euros", salienta o analista Stefan Nedialkov, na nota de análise divulgada esta terça-feira, 22 de Julho, e a que o Negócios teve acesso.

Os resultados serão assim apresentados pela nova equipa de gestão, liderada por Vítor Bento, depois do Banco de Portugal ter acelerado o processo de mudança no topo do banco. A nova equipa, composta por Vítor Bento, João Moreira Rato e José Honório deveriam ser cooptados no final deste mês, mas com a precipitação dos acontecimentos em torno do GES e dos receios dos investidores e clientes do banco, as mudanças acabaram por ser antecipadas. Por exigência do regulador, liderado por Carlos Costa.

(Notícia actualiza às 12h23 com mais informação)