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Berlim nega estar a preparar plano para resgatar o Deutsche Bank

Um jornal alemão avançou que o Governo liderado por Angela Merkel estava a preparar um plano para liderar com a possibilidade de o Deutsche Bank não conseguir aumentar o capital. O Ministério das Finanças nega.

Reuters
28 de Setembro de 2016 às 14:41
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O Governo alemão não está a preparar qualquer plano para lidar com a incapacidade do Deutsche Bank reforçar o seu capital de modo a lidar com a multa recorde que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos pretende aplicar ao banco alemão.

 

A garantia foi dada pelo Ministério das Finanças liderado por Wolfgang Schäuble, em resposta a uma notícia do Die Zeit. O semanário alemão, de acordo com a Reuters, avançou que o Executivo liderado por Angela Merkel, em conjunto com as autoridades do país, estavam já a trabalhar neste cenário, avaliando que activos o Deutsche Bank poderia alienar a outras instituições financeiras do país, de modo a angariar o dinheiro necessário para pagar aos EUA.

 

Sem citar fontes, o Die Zeit adianta que o Governo alemão terá mesmo equacionado, num cenário de "extrema urgência", assumir uma posição directa de 25% no capital daquele que é o maior banco do país.

Segundo a mesma fonte, o cenário central do Governo alemão continua a ser de que o Deutsche Bank não necessitará de ser resgatado e conseguirá resolver os seus problemas sozinhos. Foi nesse sentido que Angela Merkel falou esta semana pela primeira vez sobre o assunto, numa altura de forte turbulência para o banco alemão, sobretudo na bolsa, onde atingiu mínimos históricos.

 

"Quero apenas dizer que o Deutsche Bank é uma peça fundamental do sistema bancário e financeiro da Alemanha. E claro que esperamos que todas as empresas, mesmo que passem por problemas temporários, possam caminhar na direcção certa. Não vou comentar mais do que isto", disse a chanceler alemã esta terça-feira.

 

"Esta notícia está errada. O Governo alemão não está a preparar qualquer plano de resgate e não existem razões para especular sobre tal plano", afirmou esta quarta-feira o Ministério das Finanças em comunicado, citado pela Reuters. Esta agência acrescenta que, de acordo com as suas fontes, o regulador do sector financeiro Bafin não está envolvido em qualquer plano como o que foi noticiado pelo semanário alemão.

 

CEO descarta necessidade de um aumento de capital

 

No dia em que o Die Zeit avançou com esta notícia, o CEO da instituição financeira também quebrou o silêncio. John Cryan, CEO do Deutsche Bank, descarta a necessidade de um aumento de capital no maior banco da Europa e garante não ter pedido ajuda à chanceler alemã Angela Merkel para superar os desafios que a instituição enfrenta.

 

Segundo a Bloomberg, que cita o jornal alemão Bild, o CEO do Deutsche Bank assegurou numa entrevista que a hipótese de um aumento de capital não se coloca "neste momento" e que aceitar a ajuda do Governo "está fora de questão". "Em nenhum momento pedi ajuda à chanceler. Nem sequer sugeri nada disso", afirmou, em declarações ao Bild.

 

O banco também anunciou medidas para reforçar os seus rácios de capital, tendo chegado a acordo para vendar a sua unidade de seguros no Reino Unido, a Abbey Life Assurance, ao Phoenix Group Holdings, por 935 milhões de libras (cerca de 1,08 mil milhões de euros).

 

As acções do maior banco alemão estão hoje a recuperar, com uma subida de 3,89% para 10,96 euros, depois de duas sessões em que os títulos estiveram sob forte pressão, ficando mínimos históricos.

 

No fim-de-semana, a revista Focus avançou que a chanceler alemã teve um encontro com John Cryan, no verão, em que lhe terá dito  que Berlim não iria intervir na disputa legal que opõe o Deutsche Bank aos Estados Unidos.

 

A potencial coima de 14 mil milhões de dólares é mais do dobro da provisão de 5,5 mil milhões de euros que o banco alemão constituiu para fazer face estas questões legais.

Futuro político de Merkel ligado ao Deutsche Bank

O stress com o Deutsche Bank está também a agitar a vida política na maior economia europeia. Sahra Wagenknecht, lider do maior partido da oposição na Alemanha, já avisou que qualquer solução para o Deutsche Bank que envolva dinheiro dos contribuintes trará problemas para Angela Merkel.

Se a chanceler alemã "tiver que recorrer de novo ao dinheiro dos contribuintes para resgatar um banco falhado, então não se deverá preocupar em concorrer nas próximas eleições", afirmou.

Já um deputado do SPD, que integra a coligação do governo de Merkel, também afastou a necessidade de um "bailout" ao Deutsche Bank. "Não haverá ajuda de Estado porque agora temos a União Bancária", afirmou Thomas Oppermann. "Primeiro, cabe ao banco resolver os seus problemas", afirmou.

(Notícia actualizada pela última vez às 15:04 com mais informação) 

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