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BCP abre a porta à entrada de um novo accionista
Na próxima AG, accionistas do banco decidem se abdicam do direito de preferência para aumentos de capital no montante máximo de 20% da capitalização bolsista a realizar em três anos. Autorização é um porta aberta à entrada de novos accionistas.
O BCP pretende ter flexibilidade para poder realizar um aumento de capital com entrada de novos accionistas. Nesse sentido, o banco liderado por Nuno Amado vai propor à assembleia-geral (AG) de 21 de Abril que os actuais investidores abdiquem do direito de preferência numa futura injecção de capital que, de acordo com as regras definidas e tendo em conta o actual valor de mercado, nunca poderá ir além de 505 milhões de euros.
O objectivo é munir o banco de mais um instrumento que lhe permita levantar capitais junto de novos investidores sem ter de realizar uma AG extraordinária para o efeito. No limite, o BCP pode vir a usar este mecanismo para concluir o reembolso dos instrumentos de capital contingente ("CoCos") subscritos pelo Estado. Mas, antes, espera liquidar parte dos últimos 750 milhões de "CoCos" logo que a fusão entre o Millennium Angola e o Banco Atlântico esteja concluída.
Neste momento, não há qualquer intenção de avançar com uma operação concreta de aumento de capital destinado a novos accionistas, garantiu fonte do BCP ao Negócios. Ou seja, a proposta a levar à AG não tem relação com o eventual interesse de Isabel dos Santos em entrar no capital do banco. Pretensão de que a administração do BCP não tem conhecimento, apurou o Negócios. Isto apesar de, como o Expresso noticiou, a empresária angolana ter recebido luz verde de António Costa para investir na instituição.
Autorização com limites
Segundo a proposta a apresentar à assembleia-geral, os actuais accionistas serão desafiados a prescindir do direito de subscrição de novas acções num aumento de capital que não pode exceder 20% do capital social e 20% das acções já emitidas. Assim, pelo preço de mercado, uma operação destas não poderia superar os 505 milhões de euros.
Mesmo que a AG autorize a administração a fazer um aumento de capital com entrada de novos accionistas, a realização de uma operação destas ficará ainda sujeita a duas condições. Por um lado, será imprescindível a aprovação de uma maioria qualificada de 85% dos administradores, requisito destinado a assegurar que terá de haver membros independentes favoráveis. Além disso, ficam desde já definidas regras para a fixação do preço de um eventual aumento de capital – a referência será a média da cotação das 20 sessões anteriores à decisão com um desconto de 10% –, para que uma operação destas tenha de ser feita com base no valor de mercado.
Contornar as limitações financeiras da Sonangol
Obter autorização para realizar um aumento de capital com novos accionistas é também uma forma de a administração de Nuno Amado mostrar que tem margem para contornar as limitações financeiras do seu maior accionista, a Sonangol.
Outra das motivações da gestão foi dotar o BCP de um instrumento de reforço de capital que os bancos espanhóis também dispõem e que renovam anualmente. À semelhança do que já faz a instituição portuguesa com a autorização para que a administração possa duplicar o capital mantendo o direito de preferência dos accionistas.
Remunerações serão votadas A assembleia-geral que o BCP convocou para 21 de Abril destina-se, em primeiro lugar, a aprovar as contas do banco relativas ao ano passado, em que apresentou os primeiros resultados anuais positivos desde 2010, no valor de 235 milhões de euros. Assim, os accionistas terão de aprovar a proposta de aplicação de resultados, que permanecerão no banco.
De acordo com os pontos típicos das AG anuais, a reunião servirá ainda para avaliar o desempenho da administração e aprovar a política de remuneração dos membros do conselho, incluindo dos que integram a comissão executiva. Neste campo, não deverá haver alterações, uma vez que, como o banco ainda está sujeito às regras da ajuda de Estado, os gestores estão sujeitos a cortes de 50% dos seus salários, face ao valor que lhes era pago antes do apoio público.