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BCE admite solução europeia para gerir malparado

A presidente do Mecanismo de Supervisão do BCE admite a criação de “um gestor de activos europeu” para ajudar a resolver o problema do malparado. Danièle Nouy diz que “uma iniciativa europeia teria a vantagem de não envolver o estigma”. Mas recusa um “bad bank” europeu.

Bruno Simão/Negócios
19 de Abril de 2017 às 16:06
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"Quando tantos bancos querem vender o seu malparado estas instituições não ficam numa posição negocial forte. O mercado passa a ser ditado pelos compradores. Seria diferente com um gestor de activos europeu". É desta forma que Danièle Nouy, presidente do Mecanismo Único de Supervisão (MUS), admite uma solução europeia para o problema do malparado europeu, em entrevista ao jornal alemão Handelsblatt.

 

No entanto, a responsável pela supervisão bancária do Banco Central Europeu recusa a ideia de criar um "banco mau" europeu para ficar com estes activos, como sugeriu o presidente da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla inglesa), Andrea Enria. Para Nouy, este modelo tem alguns problemas, como o facto de o "preço dos créditos malparados permanecer incerto por um longo período de tempo" e este aspecto "ser importante para um banco que queira transferir carteiras" para este veículo.

 

Ainda assim, a líder do MUS acredita que pode ser criado um gestor de activos europeu "sem dinheiro da União Europeia". Esta solução "poderia ser financiada a nível nacional ou com a ajuda de dinheiro privado", defende.

 

Para Nouy, uma das "vantagens" de uma solução europeia para o malparado "seria afastar o estigma" associado a este problema. "Há muitas causas diferentes para o malparado, como a falta de crescimento ou uma crise económica. Mas também há créditos problemáticos em países onde o malparado não é reduzido com determinação suficiente. Mesmo em países onde não há muito crédito malparado", adianta a responsável da supervisão europeia.

 

Certo é que a presidente do MUS considera o malparado o problema que "mais pressiona" os bancos europeus. Até pela sua dimensão. "Devido ao tamanho do problema – estamos a falar de crédito malparado da ordem dos 921 mil milhões de euros – necessitamos de ter todos os instrumentos que pudermos", refere Nouy.

 

O próprio BCE tem em curso um programa para reduzir o malparado. "Pedimos aos bancos que nos apresentassem planos muito detalhados sobre como estão a lidar com o malparado. Os supervisores asseguram que esses planos são ambiciosos mas realistas. Não queremos prescrever remédios de forma a matar o doente", reconhece a líder do MUS.

 

Nouy alerta ainda que "não há uma solução que se aplique a todos os bancos" e que outra das preocupações do BCE é que "os bancos não criem condições para a propagação de novo malparado no futuro". Daí que que a supervisão europeia esteja "focada em assegurar que as práticas de concessão de crédito e de gestão de risco são sólidas e seguras" e que "os bancos têm quadros suficientes e os instrumentos necessários para reconhecer com antecipação a existência de problemas nos financiamentos".
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