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BBVA em Portugal: é para sair ou para ficar?

A presença em Portugal tem sido uma incógnita. O banco nunca faz comentários aos inúmeros rumores de que a unidade nacional está à venda. Houve negociações. Houve um despedimento colectivo. E uma aposta no digital.

Miguel Baltazar/Negócios
08 de Setembro de 2015 às 17:54
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É para sair ou é para ficar? Esta é a pergunta que se coloca relativamente à postura do grupo espanhol BBVA em Portugal. Há mais de um ano que surgem notícias que dão conta da intenção de saída. Houve, até, negociações. Mas nunca nada se concretizou. E continua sem chegar a um término.

 

O "ABC" escreve, a 8 de Setembro de 2015, que a unidade portuguesa do Banco Bilbao Vizcaya Argentaria está para venda. O banco, liderado em Portugal por Luís Castro e Almeida, não comenta. A notícia dá conta de interessados em analisar o dossiê – precisamente os mesmos que chegaram à fase final da corrida pelo Novo Banco: Anbang, Apollo e Fosun. Os dois primeiros candidatos não comentam, o terceiro, que é o que se encontra neste momento em negociações exclusivas para a compra do herdeiro do BES, desmente.

 

É em jogos de silêncios que o BBVA se tem destacado quando é protagonista de notícias. "BBVA prepara saída de Portugal", escreveu o El Confidencial no final de Março do ano passado. Semanas depois, foi o El País a avançar a mesma notícia. Nunca houve comentários. Efectivamente, houve conversas, mesmo que informais: o português Crédito Agrícola queria comprar a unidade portuguesa do banco. A venda era uma possibilidade depois dos anos de prejuízos que se viviam desde 2010, que chegaram a obrigar a injecções de capital do accionista espanhol.

 

Mas a alienação ficou pelo caminho em Julho de 2014. Foi, mais uma vez, o El Confidencial a dar uma notícia: o cancelamento da venda dado que o grupo espanhol liderado por Francisco González considerou insuficientes as propostas recebidas. Na altura, havia uma crise a caminho em Portugal, que aconselhava prudência: a derrocada do Grupo Espírito Santo e do seu banco, o BES.

 

Sem saída veio o despedimento

 

Não houve saída de Portugal mas houve mudanças. Em meados de Novembro, o banco português, então sob o comando de Alberto Charro, anuncia um despedimento colectivo – uma novidade, já que os restantes bancos tinham avançado para rescisões por mútuo acordo ou reformas antecipadas. O objectivo era caminhar para a rentabilidade, que não se verificara nos últimos anos. Mesmo no primeiro semestre de 2015, as contas ainda estão no vermelho: um prejuízo de 11,4 milhões de euros, diz o relatório publicado no site oficial.

 

O banco acabou por despedir 148 funcionários e mudou outros 29 de funções. Encerrou metade das agências, ficando presente em apenas cerca de 40, quase todas no litoral.

 

Ao mesmo tempo, o BBVA foi notícia como um dos 17 interessados na aquisição do Novo Banco, o herdeiro do BES. Mas acabou por auto-excluir-se da operação, sem nunca justificar a decisão.

 

O foco no digital

 

Já este ano, e depois deste processo, Charro, no cargo desde 2009, saiu de CEO, dando lugar a Luís Castro e Almeida. "Castro e Almeida exercia a função de administrador com o pelouro comercial, tendo sido um dos protagonistas da transformação digital da unidade em Portugal". Foi nesse sentido que chegou àquelas funções: o banco tem uma estratégia em que há uma aposta no digital, de forma a reduzir os custos de estrutura. Além disso, o foco passou a estar nos clientes mais abastados, o chamado "segmento premium", e em grandes empresas (aproveitando o facto de pertencer a um grande grupo internacional).

 

Essa nova política foi visível quando, em Julho, foi notícia que o banco deixou de conceder crédito a particulares, nem para a compra de casa nem para consumo. Um foco nos serviços em que o banco acredita ter uma posição capaz de se diferenciar dos concorrentes. Há cerca de 600 funcionários a trabalhar na instituição financeira.

 

O banco contava, em Março deste ano, com activos de 5,1 mil milhões de euros. O sistema bancário português acumulava, na mesma altura, 465 mil milhões de euros em activos, segundo a Associação Portuguesa de Bancos. Ou seja, o BBVA representa pouco mais de 1% do sector nacional.

 

A venda ou manutenção desta parte do sistema continua em dúvida num momento de mudança no país: o Barclays está de saída do país, com a venda da operação de retalho ao espanhol Bankinter; o Novo Banco encontra-se em processo de venda; o Estado vai alienar a posição que tem no Banif.

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