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Banif Brasil era "banco em que tudo funcionava bem". Até haver "situações de ocultação"

"Foi uma das maiores surpresas da minha vida", disse Carlos Duarte de Almeida, ex-CEO do Banif, em relação às irregularidades detectadas no Brasil. E critica as considerações feitas por Jorge Tomé. 

Carolina Cravinho
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A antiga gestão do Banif em Portugal tem dificuldades em perceber o que se passou na unidade do banco no Brasil. Era uma instituição em que tudo funcionava bem.

 

"Não consigo explicar e quero dizer que foi uma das maiores surpresas da minha vida", declarou na comissão parlamentar de inquérito ao Banif Carlos Duarte de Almeida, o presidente executivo do Banif após a morte de Horácio Roque, em 2010, e que ficou no cargo até 2012, quando entrou Jorge Tomé em funções.

 

Segundo o antigo CEO, o Banif no Brasil era um "banco em que tudo funcionava bem e tinha tudo em ordem". Mas depois surgiu "um conjunto de operações" em que os factos "têm muito que ver com situações de ocultação, que impediram que qualquer das entidades que normalmente fazem [a fiscalização], incluindo o próprio conselho de administração, não conseguissem efectuar as suas funções".

 

O Banco Central do Brasil investiga as alegadas irregularidades na instituição, tendo também uma acusação contra o conselho de administração, por não ter cumprido o dever de fiscalização sobre a equipa de gestão. Em 2012, entrou uma nova equipa de gestão no banco no Brasil, substituindo a equipa de António Júlio Rodrigues, que encontrou um "conjunto de situações que indiciavam práticas de gestão alegadamente irregulares e várias operações registadas incorrectamente ou não registadas nos livros". Havia ainda dispensas de avales pessoais e não registo de hipotecas.

 

As operações de "ocultação" foram "objecto, no final de 2012, de uma ampla e profunda auditoria interna, que viria a confirmar as irregularidades, que serviria de base ao relatório do Banco Central do Brasil, no final de 2013, bastante penalizador pelo elevado número de provisões que obrigava a constituir", defendeu. Nesse relatório, a directoria executiva foi acusada das irregularidades; a administração não executiva, de que fazia parte Carlos Duarte de Almeida e Joaquim Marques dos Santos, foi acusada de não ter "fiscalizado adequadamente os actos praticados pela directoria local".

 

"Uma situação totalmente inesperada e mesmo inexplicável", frisou Carlos Duarte de Almeida, no Banif desde 1988 até 2012.

 

Contradição de Duarte Almeida face a Jorge Tomé

 

"Uma gestão – diria – dolosa", afirmou Jorge Tomé na sua audição na comissão de inquérito – aliás, o último CEO do banco disse mesmo que o "dossiê Banif justifica quase outra comissão de inquérito".

 

Na audição desta terça-feira, 31 de Maio, Carlos Duarte de Almeida remeteu para Jorge Tomé mais esclarecimentos sobre os problemas no Brasil porque foi no seu mandato que tudo foi investigado. Além disso, contrariou o que foi dito por Tomé.

 

Segundo Jorge Tomé, apenas 10% do crédito concedido pela unidade brasileira é recuperável. O resto foi consumido pelas reservas que se tiveram de constituir para precaver imparidades decorrentes das perdas com os empréstimos concedidos, defendeu.

 

Duarte de Almeida recusa. E com muita distância. "Diria que não foi 10%. Foi cerca de 70% a 75% do valor que existia à data do final de 2011".

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