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Banca europeia procura posição comum de cancelar dividendos
A Federação Bancária Europeia (EBF) pretende um consenso entre os bancos do Velho Continente para que não sejam distribuídos dividendos. Prioridade é fazer chegar dinheiro às economias.
A Federação Bancária Europeia (EBF) pretende um consenso entre os bancos do Velho Continente para que não sejam distribuídos dividendos e que o capital e alívio no balanço seja utilizado para fazer chegar dinheiro à economia real e não para recompensar os acionistas.
Jean Pierre Mustier, CEO do Unicredit e atual presidente da EBF, enviou uma carta aos membros da federação para que indiquem a sua posição sobre esta matéria, refere a Bloomberg.
O Banco Central Europeu (BCE) flexibilizou as regras de supervisão a serem aplicadas nos empréstimos com garantias estatais e no tratamento dos non-performing loans (NPL, na sigla em inglês). A instituição presidida por Christine Lagarde considera que este alívio de capital deverá totalizar 120 mil milhões em capital CET1.
"Este alívio está disponível para os bancos absorverem perdas sem provocar nenhuma ação de supervisão ou potencialmente financiar até 1,8 biliões de euros em empréstimos às famílias e empresas que precisam de liquidez extraordinária", indicou o BCE.
A suspensão do pagamento de dividendos poderá desiludir os investidores, mas permitiria libertar capital adicional para conceder crédito às empresas em dificuldades. A EBF considera que uma posição comum da banca europeia tornaria mais fácil a cada uma das instituições financeiras justificar perante os acionistas esta opção, indicaram à Bloomberg fontes próximas do processo.
Aliás, o BCE, aquando do anúncio das medidas, frisou que estas deveriam ser utilizadas para financiar a economia e absorver perdas potenciais e não para aumentar dividendos ou bónus. O banco central não foi ao ponto de exigir à banca que suspenda ou reduza os dividendos ou a recompra de ações, mas salientou esperar que os bancos tomem "decisões prudentes".
O Bafin, supervisor financeiro alemão, considerou terça-feira que os bancos devem evitar a recompra de ações e "avaliar cuidadosamente o pagamento de dividendos e bónus" por forma a manter a sua solidez financeira e suportarem os efeitos da pandemia da covid-19.
E na Suécia o supervisor financeiro emitiu uma recomendação a todos os bancos do país para que cancelem o pagamento de dividendos e que retenham o capital para a concessão de crédito.
Até ao momento são poucos os bancos europeus que já tomaram a iniciativa de cancelar a distribuição de dividendos. O Santander indicou na segunda-feira que irá adiar o pagamento de dividendos e que a presidente da instituição e o CEO irão doar metade dos seus salários para instituições de caridade que estão a combater o impacto do novo coronavírus.