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Aethel acusa Portugal de vender Novo Banco à Lone Star "a qualquer custo"
À CNBC, Ricardo Santos Silva defende que a oferta da Aethel Limited pelo Novo Banco é melhor do que a da Lone Star, argumentando que iria acabar com anos de litigância.
O concorrente de última hora pelo Novo Banco, a britânica Aethel, continua a criticar a decisão do Banco de Portugal e do Governo de alienar o Novo Banco à norte-americana Lone Star a custo zero. Essa foi a mensagem deixada pelo presidente da sociedade, Ricardo Santos Silva, numa entrevista à CNBC.
"Não percebemos por que é que o Governo está a tomar esta decisão", critica o gestor, fundador da Aethel Partners, dizendo que as autoridades nacionais "querem fechar o negócio a qualquer custo imediatamente".
A 31 de Março, o Governo de António Costa, seguindo a recomendação do Banco de Portugal, decidiu-se pela alienação de 75% do banco herdeiro do BES aos americanos da Lone Star por zero euros. Na operação, através da qual a Lone Star se compromete a capitalizar a instituição financeira liderada por António Ramalho, é constituído um mecanismo de capitalização contingente que poderá obrigar o Fundo de Resolução, que detém 25% do banco, a enfrentar responsabilidades de 3,8 mil milhões de euros.
A Aethel colocou uma oferta em cima da mesa, de até 4 mil milhões de euros, mas que dependia de diversos factores, numa explicitadas publicamente, mas que passavam pelo envolvimento do negócio com os investidores que têm acções judiciais contra o Banco de Portugal e o Fundo de Resolução. Daí que, na entrevista, Santos Silva tenha dito que na sua oferta o objectivo era "abraçar todos os ‘stakeholders’".
Segundo declara o fundador da Aethel Partners, que lidera ao lado de Aba Schubert, a oferta que fez chegar ao Banco de Portugal, e que defende nunca ter sido rejeitada, iria "acabar com anos de litigância", precisamente por estar ligada àqueles investidores.
No mês que se seguiu ao anúncio da venda, houve logo processos colocados por grandes gestoras de activos que tinham sido prejudicadas por uma decisão do Banco de Portugal de transferir dívida sénior do Novo Banco para o BES "mau", no final de 2015.
O processo de venda do antigo BES está a ser assessorado pelo Deutsche Bank, com quem Santos Silva diz estar ainda em diálogo. A Aethel partilha parte da gestão com a Pivot SGPS, sociedade através da qual Santos Silva e Aba Schubert, em parceria com outros nomes como o ex-ministro Miguel Relvas, quiseram comprar o Efisa, antigo banco de investimento do BPN que está agora na esfera do Estado. Uma operação que caiu.
Neste momento, na alienação à Lone Star, ainda se aguarda o mecanismo que irá promover a troca de dívida do Novo Banco por dívida perpétua, que pretende libertar a instituição financeira de responsabilidades em torno de 500 milhões de euros, mas que tem de ser aceite pelos investidores que detêm aqueles títulos.
(Notícia rectificada às 15:07 com esclarecimento da ligação entre Aethel e Pivot)