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Maria Luís Albuquerque acredita que Estado terá mais perdas com Novo Banco
A deputada social-democrata exige "esclarecimentos cabais" sobre a alienação do Novo Banco. Maria Luís Albuquerque, que critica o atraso no envolvimento "voluntário" dos obrigacionistas, está contra a manutenção de 25% do capital do banco no Estado.
A ministra das Finanças entre 2013 e 2015 está contra o modelo de venda do Novo Banco à Lone Star. De acordo com Maria Luís Albuquerque, os 25% que o Fundo de Resolução mantém na instituição financeira poderão representar "perdas futuras".
"É muito negativa a decisão de manter a posição de capital. Serve apenas para responsabilizar o Estado para problemas futuros", defendeu Maria Luís Albuquerque na comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa. A antiga governante não acredita em ganhos futuros com aqueles 25% que não foram alienados aos americanos da Lone Star. "Se calhar, permitirão é perdas futuras", frisou.
"Manter capital no Novo Banco é um passivo para os contribuintes", afiançou Maria Luís Albuquerque, recusando a ideia do socialista João Galamba de que aquela posição é um activo. Para o deputado do PS, a venda de 75% foi a custo zero, pelo que se fossem vendidos 100% também seria por zero.
Ex-ministra aposta que governo PS injectará dinheiro no Novo Banco
Nas respostas dadas aos deputados, a também deputada do PSD declarou que, se houver um aumento de capital futuro na instituição financeira para além dos acordados com a Lone Star, o Estado irá injectar dinheiro se o Governo que estiver em funções for do Partido Socialista. "Se for um Governo liderado pelo PS, posso fazer uma aposta que acompanham e arranjarão argumentos para acompanhar".
Sobre o modelo de venda à Lone Star, apresentado no final de Março pelo Banco de Portugal e pelo Governo, Maria Luís Albuquerque criticou o mecanismo de capitalização contingente que poderá obrigar o Fundo de Resolução a cobrir responsabilidades que ascendem a 3,8 mil milhões de euros. Além disso, deixou farpas, também, à troca de dívida que permitirá libertar o Novo Banco de responsabilidades de 500 milhões de euros, essencial para a concretização da operação.
Maria Luís Albuquerque não percebe por que motivo é que "uma cláusula tão fundamental como o envolvimento voluntário dos objectivos esteja ainda tão atrasada, atendendo que é tão determinante para a conclusão do processo".
Num dia em que Ricardo Santos Silva, presidente da sociedade britânica Aethel, voltou a dizer que tem uma proposta para o Novo Banco com melhores condições do que a da Lone Star, Maria Luís Albuquerque argumentou que "se há potenciais interessados" alternativos, o Governo tem de dizer "porque é que escolheram esta proposta" e "porque é que é a melhor para a salvaguarda da estabilidade do sistema financeiro".