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Abanca paga 364 milhões pelo banco espanhol da CGD
O banco galego Abanca pagou um múltiplo de 0,65 o valor contabilístico do Banco Caixa Geral e conseguiu, assim, ficar com o banco. O Abanca, que está a comprar o Deutsche Bank em Portugal, quer acentuar o seu "carácter ibérico".
O Abanca aceitou pagar 364 milhões de euros para ficar com o Banco Caixa Geral, tendo sido esta a escolha da administração da Caixa Geral de Depósitos, opção seleccionada depois pelo Governo.
"O acordo global implica pagar um preço de 364 milhões de euros, resultante da aplicação de um múltiplo de cerca de 0,65 ao 'book value' da entidade adquirida", revela o comunicado emitido pelo Abanca esta quinta-feira.
No balanço da CGD, já houve a antecipação de perdas com o BCG ao longo dos anos, estando, após imparidades, avaliado em 222 milhões de euros. O que permitirá registar mais-valias à instituição financeira portuguesa.
O Governo seleccionou o Abanca, em Espanha, e o Capitec, na África do Sul, para ficarem com as instituições financeiras que pertencem à Caixa Geral de Depósitos naqueles países, seguindo aquelas que eram as propostas da administração do banco público, indicou o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros esta quinta-feira, 22 de Novembro.
A proposta do Abanca pela filial espanhola da CGD foi escolhida em detrimento das ofertas do também banco espanhol Cajamar e do fundo americano Cerberus.
O Banco Caixa Geral conta com 110 agências em Espanha, dispersas por dez comunidades, mas sobretudo concentrada na Galiza, Extremadura e Madrid. São 524 funcionários no banco que tem uma carteira de crédito de 3,4 mil milhões de euros e de perto de 3 mil milhões de euros em depósitos.
"Uma vez decidida a adjudicação ao Abanca, inicia-se o processo de obtenção das autorizações administrativas correspondentes. A partir daí, o banco iniciará o processo de integração, uma área onde já acumula uma comprovada experiência nos últimos anos", continua o comunicado, sem adiantar datas concretas para a finalização da operação.
"Acentuar carácter ibérico"
"A aquisição do Banco Caixa Geral permite ao Abanca consolidar e incrementar o seu crescimento e a sua especialização em banca para empresas, abrir novas oportunidades para a comercialização de produtos de valor e acentuar o seu carácter ibérico, graças à actividade comercial entre Espanha e Portugal", indica ainda o comunicado.
Com a compra, o Abanca reforça também a presença na banca de particulares, de empresas e privada, onde está presente o Banco Caixa Geral.
Certo é que o banco está, igualmente, a crescer fora da Península Ibérica. No comunicado o Abanca diz ter recebido "a licença das autoridades dos Estados Unidos para começar a operar no mercado americano". O banco diz que a actividade naquele mercado, mais especificamente em Miami, terá início a 3 de Dezembro.
A CGD está a vender unidades no estrangeiro, a que se vai juntar o Brasil e uma redução do peso em Cabo Verde e Moçambique, por conta do plano estratégico negociado pelo Estado e Bruxelas devido à capitalização de 4,9 mil milhões de euros recebida em 2017.
Galegos que foram nacionalizados
Nas suas raízes, tem as chamadas caixas de poupanças espanholas, Caixa Galicia e Caixanova, que sofreram com a reestruturação da banca em Espanha. O Abanca, que reforça a presença em Portugal com a compra do retalho do Deutsche Bank, foi nacionalizado durante a crise da dívida na Europa, quando o seu nome era ainda Novacaixagalicia Banco.
Foi vendido aos venezuelanos do Banesco em 2014. Entretanto, tem vindo a apostar no crescimento, incluindo por aquisições. Em Portugal, compra o retalho do Deutsche, mas não revela por quanto.
O grupo está presente em nove países da Europa e América Latina. Em Portugal, o Abanca está presente em quatro cidades: Braga, Lisboa, Porto e Viana do Castelo. Está presente em 640 balcões e conta com 4.615 trabalhadores, de acordo com os dados facultados pelo Abanca. No ano passado, os espanhóis registaram lucros de 367 milhões de euros.
(Notícia actualizada com mais informações pelas 15:05)