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PSA Mangualde quer ter classe das portagens resolvida até Junho

A fábrica portuguesa da PSA quer que a questão das portagens fique resolvida o quanto antes, para poder desenhar atempadamente a estratégia comercial para o projecto K9 que chega aos stands portugueses no final do ano.

Bloomberg
18 de Abril de 2018 às 17:53
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A PSA quer ter o dossiê das classes das portagens fechado até Junho. Com os novos modelos produzidos na fábrica nacional da empresa a chegarem aos concessionários no final de 2018, a companhia quer assim definir atempadamente a sua estratégia comercial para os automóveis que vão sair da linha de produção de Mangualde.

A fábrica vai começar a produzir este ano o projecto K9, que representa modelos comerciais de três marcas: Peugeot, Citröen e Opel. Mas ao contrário dos actuais modelos produzidos em Mangualde - o Citröen Berlingo e a Peugeot Partner - que pagam classe 1, os novos modelos vão pagar classe 2 nas portagens, e a empresa receia vir a sofrer uma quebra nas vendas devido a este factor.

"Tínhamos previsto fazer o lançamento do modelo em Março [em Portugal], não o fizemos porque não faz sentido fazer o lançamento de um carro que logo à partida estaria morto por causa das portagens. Por isso adiámos para o final do ano, tentando perceber se a situação das portagens estaria resolvida até ao final do ano", começou por dizer o director-geral da PSA Portugal Alfredo Amaral esta quarta-feira, 18 de Abril.

"Foi por isso que nós dissemos que era importante para nós estar tudo claro em Junho para sabermos o dispositivo operacional" que a empresa precisa de preparar em termos de comercialização dos novos modelos, acrescentou o responsável em declarações à margem do lançamento do novo sistema de carros partilhados da PSA em Lisboa, o Emov.

Tal como já tinha avisado em Fevereiro, o líder da PSA em Portugal voltou a alertar que a fábrica de Mangualde corre o risco de fechar no médio e longo prazo se nada mudar nas classes das portagens. "É uma avaliação que faremos à medida do futuro, iremos avaliar, mas esse risco está em cima da mesa".

O Governo tem estado a negociar com as concessionárias de auto-estrada em Portugal para tentar mudar as regras das classes de portagens, mas não há qualquer previsão sobre o desfecho, nem quando poderão as negociações estar concluídas.

Os novos veículos da PSA vão pagar mais de portagem porque a sua altura do eixo superior dianteiro é superior ao actual limite de 1,10 metros, mas a tendência do mercado europeu é produzir cada vez mais veículos ligeiros mais elevados, devido a novas directivas europeias relativas à protecção dos peões. 

"O Governo disse que estava disponível para resolver esta questão, mas não se pode comprometer com uma data porque depende de terceiros. Nós continuamos a dizer que para nós é importante [alteração da classe das portagens] porque está em risco a estrutura industrial [fábrica de Mangualde] e está em risco a presença em termos comerciais e isso tem consequência", afirmou Alfredo Amaral.

"Continuamos a dizer que o comércio em Portugal é fundamental para um veículo produzido em Portugal e para uma componente industrial que representa 10% da produção nacional", destacou o gestor que acusou anteriormente as concessionárias de auto-estrada de serem "oportunistas" pela sua relutância em mudar as classes das portagens.

A PSA prevê produzir 100 mil automóveis na fábrica de Mangualde em 2019, com 20 mil a destinarem-se ao mercado nacional, divididos pelas marcas Peugeot, Citröen e Opel.

"Se não houver uma solução o carro desaparecerá do comércio porque não se vende, a fábrica não produz, e não produzindo o terceiro turno estará em causa. Futuramente vai agravar seriamente as relações económicas e de investimento em Portugal do nosso grupo", reforçou Alfredo Amaral.
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