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Investigação a Ghosn chega à Holanda e às batatas fritas

Preso há um mês numa cela individual em Tóquio, o executivo franco-brasileiro enfrenta novas acusações de desvio de verbas da Nissan para fins particulares. A Renault sobe a pressão e força mais influência na construtora japonesa.

Bloomberg
17 de Dezembro de 2018 às 10:43
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A circulação de dinheiro em pequenas quantidades através de subsidiárias da Nissan e a utilização de verbas de um fundo interno da empresa para pagar casas para a família e outras despesas pessoais. Estas são as duas novas linhas de investigação a Carlos Ghosn, preso há um mês por suspeitas de irregularidades financeiras – nomeadamente de ter prestado falsas informações sobre as suas remunerações nos relatórios e contas da empresa –, enquanto presidente da construtora automóvel japonesa.

 

"The CEO Reserve". É assim que as fontes de investigação citadas pela Reuters se referem a um fundo criado para fazer face a necessidades de negócio não planeadas e que podia chegar a acumular dezenas de milhões de dólares, uma vez que podia ser usada, por exemplo, para a aquisição imediata de uma empresa ligada à condução autónoma. No entanto, nos registos financeiros aparecem desde pacotes de batatas fritas, férias para a família, as quotas de um clube de iate ou a compra de casas no Rio de Janeiro, Beirute e Paris.

 

Por outro lado, os investigadores estão a analisar se os pagamentos para essas residências milionárias foram repartidos por pessoas próximas de Carlos Ghosn, em quantidades mais reduzidas para escapar ao controlo interno dos financeiros internos e dos auditores da Nissan. O processamento dessas verbas, relata a agência de notícias, seria feito através da empresa holandesa Zi-A Capital BV e das suas subsidiárias, que tinham sido constituídas para investir em start-ups da área tecnológica.

 

Detido a 19 de Novembro em Tóquio, o gestor que fala português e virou herói de banda desenhada japonesa após ter ajudado a salvar a Renault e a Nissan da falência continua preso numa cela individual. E continuará nesse centro de detenção na capital japonesa pelo menos até 20 de Dezembro, a data fixada para os procuradores apresentarem novas acusações ou então solicitarem outro período de detenção de dez dias para prosseguir as investigações. A dúvida é se nessa altura já terá sido nomeado um sucessor para o homem que foi a figura-chave na aliança entre a Nissan e a Renault em 1999, à qual se juntou há dois anos a Mitsubishi.

 

Renault reforça poder no Oriente

 

A substituição definitiva deveria ser discutida esta segunda-feira, 17 de Dezembro, numa reunião do conselho consultivo da Nissan, que logo a seguir à detenção afastou o executivo do cargo. No entanto, nesse comité tem assento um representante da Renault, que continua a segurar Carlos Ghosn como CEO e está a tentar reforçar a influência na empresa japonesa, ela própria enfrentando acusações judiciais pela alegada emissão de falsos documentos financeiros nos pagamentos ao gestor franco-brasileiro.

 

Numa carta citada pelo Wall Street Journal, a Renault já pediu a marcação de uma assembleia-geral para discutir a representação da construtora francesa na administração de nove elementos e na gestão de topo da Nissan. Nesta missiva que volta a mostrar a tensão crescente no seio desta aliança – viabilizada por uma série de participações interligadas, em conjunto venderam 10,6 milhões de carros em 2017, somando mais de 450 mil trabalhadores em todo o mundo –, advertiu que a acusação "cria riscos significativos para a Renault, como maior accionista da Nissan, e para a estabilidade da aliança industrial".

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