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Carlos Tavares: Fábrica de Mangualde continuará activa? “Se alguém lhe der essa garantia não acredite”
A pergunta foi directa: “A fábrica de Mangualde continuará activa até ao fim da sua presidência?”. O português Carlos Tavares, e líder da PSA, respondeu: “Seria muito arrogante se pudesse dar essa garantia. Se alguém lhe der essa garantia não acredite”. O gestor disse ainda que a única coisa que protege a unidade nacional é a “performance”, e que Mangualde está bem posicionada no ranking de fábricas do grupo.
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"A única coisa que nos protege, e nós portugueses percebemos isso muito bem, é a nossa performance e os nossos resultados. Tudo o resto são palavras. Quando as unidades se inscrevem numa dinâmica de progresso que lhes permite melhorar o ranking de competitividade das unidades europeias, é evidente que a empresa tem interesse em usar as melhores fabricas que tem a sua disposição”, explicou Carlos Tavares durante uma conversa que esta quinta-feira decorreu com jornalistas nacionais.
O gestor acrescentou que esta é uma pergunta que lhe é colocada com frequência pelos colaboradores portugueses e que responde sempre desta forma.
E neste momento, diz, Mangualde está muito bem posicionada no ranking de fábricas do grupo.
No entanto, advertiu: “Nós europeus temos de estar muito atentos e conhecemos bem o que é o perigo do ‘status quo’ e que é um perigo de morte. Qualquer que seja a nossa posição hoje, e a de Mangualde é boa”. “O que importa não é só a posição em que estamos actualmente, mas a dinâmica de progresso”, acrescentou.
Por esta razão e por dar muita importância ao que se faz nas fábricas, o engenheiro de 55 anos começou um périplo pelas unidades industriais do grupo. Mangualde foi a oitava fábrica a ser visitada pelo novo líder da PSA. Mas não é só aos números factuais que toma em atenção, as condições de sustentabilidade são fulcrais. “Uma coisa é olhar para o ranking em papel, e isso posso fazer num minuto. O que me interessa não é só o ranking de hoje. É isso, e a dinâmica de progresso. É importante, e é por isso que passo muito tempo nas fábricas”, defendeu.
Tavares traçou ainda um paralelo entre aquilo que são as escolhas que o consumidor faz ao comprar um carro, e aquelas que um patrão da indústria realiza quando define as fábricas em que coloca os seus modelos.
“Se os meus carros forem os mais atractivos de melhor performance e mais baratos o cliente vai escolher os meus carros, dentro da empresa é igual. Se uma fábrica fizer carros e grande qualidade por um custo mais baixo, com uma grande flexibilidade, o patrão da empresa tem todo o interesse em escolher essa fabrica porque é ela que me dá os melhores resultados”, considerou.
Mangualde tem de ser melhor que as fábricas da Alemanha ou Reino Unido
O novo nº1 da PSA explicou ainda que 80% dos carros vendidos na Europa, são feitos no continente. As razões são três: todos os construtores tentam reduzir os custos de logística, evitar as barreiras aduaneiras, e reduzir os riscos dos câmbios das diferentes moedas.
A competitividade que Mangualde enfrenta dentro do grupo é grande. E há prerrogativas, que
segundo Carlos Tavares têm de ser atingidas para que a unidade seja sustentável e competitiva. “Para que o pólo industrial de Vigo Mangualde possa continuar a avançar, tem de ser mais competitivo do que as fábricas na Alemanha, na Grã- Bretanha, ou outras fábricas na Europa de Leste. Aí é que está o ponto essencial: a que velocidade é que se está a progredir nesse pólo industrial para que a velocidade seja maior do que a que existe na média europeia”, sublinhou.
O presidente executivo do grupo francês de automóvel adiantou ainda que a unidade que dentro do grupo compete directamente com Mangualde está situada em Trnava, na Eslováquia. E acrescentou que PSA “não está de todo a pensar a investir e novas fábricas”, como chegou a estar previsto. A explicação é uma: a capacidade instalada na Europa está sobredimensionada para as vendas que hoje o grupo atinge.
O mesmo gestor referiu ainda que os níveis de vendas pré-crise no mercado europeu só deverão ser atingidos depois de 2018, segundo os peritos do grupo.