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Lisboa tira “vinho de mesa” para encher copo estrangeiro

A antiga região da Estremadura desafia as empresas a certificar mais litros de vinho para responder à procura dos mercados externos, que absorvem 75% da produção e vão render cem milhões de euros em 2017.

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09 de Novembro de 2017 às 21:45
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Os Vinhos de Lisboa precisam de mais litros para satisfazer as encomendas do estrangeiro, que estão a crescer 12% ao ano. E se o aumento da produção nas vinhas e adegas demora anos, a solução mais imediata da Comissão Vitivinícola (CVR) passa por ir buscá-lo ao produto não certificado, o chamado vinho de mesa, que ainda representa quase metade do milhão de hectolitros produzidos na antiga região da Estremadura.

É que o vinho que segue para exportação é o certificado – DOC ou Regional Lisboa –, que tem no rótulo o ano, as castas, a denominação de origem e, por isso, maior valor comercial. Vasco D’Avillez sustenta que "o esforço é que os produtores certifiquem mais porque as vendas estão a crescer". Com estes argumentos, por que não o fazem a um ritmo superior? "São portugueses e as coisas mudam devagarinho. Há também o factor da idade, as pessoas mais velhas já não têm paciência. É preciso que gente mais nova tome conta [dos negócios] e seja mais agressiva", responde o presidente da CVR.

As pessoas mais velhas já não têm paciência [para certificar os vinhos]. É preciso que gente mais nova tome conta dos negócios e seja mais agressiva. Vasco D’Avillez
Presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa

Com a "fronteira" Sul em Colares e Norte em Pombal, delimitada a Oeste pelo mar e estendendo-se no Interior quase até Santarém (já pertence ao Tejo), a região de Lisboa tem nove denominações de origem, como Colares, e 103 produtores com 26 mil hectares de vinha. Só no Douro, e em alguns anos no Alentejo, se produz mais vinho.

Em 2017, perto de 75% dos 40 milhões de garrafas vão ser vendidos fora do país e gerar uma receita de 100 milhões de euros, beneficiando do preço médio (3,3 euros) mais elevado pago pelos clientes estrangeiros. No ranking dos destinos, pesando um terço das exportações, os EUA surgem no topo. Segue-se o Brasil, que "continua a ser um óptimo mercado e está a crescer", e o agregado Suécia e Noruega.

Embora Avillez frise que são "mais conhecidos nos mercados externos do que na própria cidade que [lhes] dá o nome", é na capital que os vinhos de Lisboa têm mais consumidores domésticos, que os compram sobretudo nos supermercados. Outra aposta passa por duplicar de 1% para 2% a quota de mercado a Norte, "o sítio onde se bebe bem há mais tempo", diz.

Somos mais conhecidos nos mercados externos do que na própria cidade que nos dá o nome.
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