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Vinho verde "põe no fresco" recorde de exportações em 2017
Pela primeira vez em mais de um século, a região vitivinícola está a vender mais vinhos no estrangeiro do que no mercado português, devendo ultrapassar a barreira dos 60 milhões de euros exportados no final deste ano.
As exportações de vinhos verdes aumentaram 7% entre Janeiro e Julho, em comparação com o mesmo período do ano passado, para um total de 42,7 milhões de euros, o que leva o responsável máximo desta região vitivinícola a antecipar "com segurança" que o volume de vendas nos mercados externos vai ultrapassar pela primeira vez os 60 milhões de euros no final de 2017.
Em declarações ao Negócios, Manuel Pinheiro disse confiar na manutenção do ritmo de crescimento verificado nos sete primeiros meses do ano, até porque "uma parte dessas vendas [a registar na segunda metade do ano] está feita". O presidente da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) destacou ainda outro facto inédito alcançado em 2017: os produtores estão a vender mais fora do país do que no mercado interno.
"Este é o nosso maior ano nas exportações. Mais de 50% do vinho verde é exportado. No ano passado isso não aconteceu por algumas décimas, mas este ano é claríssimo. Esta alteração [no perfil das vendas] é estrutural e quer dizer que a região tem a exportação como canal número um", frisou Manuel Pinheiro, lembrando que no início do século, quando a região começou a investir na promoção externa, as exportações representavam apenas 15% do negócio.
Os dados oficiais apurados até Julho mostram que a Alemanha, com um aumento nas compras superior a um milhão de euros, superou os Estados Unidos como primeiro destino da exportação (quotas de 24% e 23%, respectivamente). Apesar de destacar o "importante" mercado germânico, que tem "crescido muito bem e em que não há risco cambial" – como sucede, por exemplo, na maior economia do mundo –, o líder da CVRVV relativizou, no entanto, esta ultrapassagem.
É que, enquanto nos Estados Unidos o vinho verde tem "um mercado muito vasto, com uma rede muito grande de importadores", o consumo alemão está muito concentrado nos supermercados e, por isso, "basta entrar um ou dois contratos grandes para fazer logo crescer ou decrescer os volumes". A França continua a fechar o pódio dos melhores destinos, com Pinheiro a atribuir aos novos consumidores lusodescendentes o crescimento contínuo num mercado em que "investe zero na promoção" e que vale 10% das vendas.
Questionado sobre o comportamento do mercado interno nestes primeiros sete meses do ano, Manuel Pinheiro respondeu que "está estagnado", com um crescimento a rondar 1% e já a contar já com o "efeito positivo" do turismo. Ainda assim, a "posição sólida" dos vinhos verdes no consumo em Portugal é atestada pela segunda posição no mercado, com uma quota de 17% registada nos estudos da Nielson, que é cerca de metade da que é detida pela região líder do Alentejo.
A CVRVV assinalou esta segunda-feira o 109.º aniversário da publicação da Carta de Lei de 18 de Setembro de 1908, que demarcou a Região dos Vinhos Verdes, com um evento na Casa da Música, no Porto, em que premiou os restaurantes portugueses que melhorar harmonizaram propostas gastronómicas com vinho verde. Os vencedores da X edição do Concurso Vinhos Verdes & Gastronomia foram os restaurantes 505 (Póvoa de Varzim), Antiqvvm (Porto), Dom Joaquim (Évora), Brasão (Felgueiras), Aidé (Paços Ferrara Hotel, em Paços de Ferreira) e Wish (Porto).