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Incêndios: Apenas 1% da área das papeleiras ardeu numa década
Carlos Amaral Vieira, director da CELPA – Associação da Indústria Papeleira, diz que estes dados mostram que "uma floresta bem gerida é menos vulnerável ao risco de incêndios".
Apenas 1% dos 200 mil hectares geridos pela indústria papeleira ardeu nos últimos dez anos, segundo um representante do sector, que atribui este resultado à boa gestão e protecção da área florestal.
"Na última década, em média, apenas 1% da área sob gestão das associadas [da entidade que representa o sector, CELPA] ardeu, o que significa que boas práticas de gestão florestal têm resultado efectivo", disse o director da Celpa - Associação da Indústria Papeleira, Carlos Amaral Vieira.
Em 2015, último ano em que existem dados definitivos, dos mais de 200 mil hectares geridos, apenas 0,4% ou cerca de 750 hectares, arderam, o que, referiu à agência Lusa, "reforça a evidência de que uma floresta bem gerida é menos vulnerável ao risco de incêndios".
Empresas do sector da pasta e do papel, que dependem da matéria-prima fornecida pelo eucalipto, formaram uma estrutura profissional para apoiar o combate aos incêndios nas suas propriedades, a Afocelca, mas mais de 85% dos fogos combatidos pelas suas equipas, em coordenação com a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), ocorrem em terrenos vizinhos.
Carlos Amaral Vieira recordou que o fenómeno dos incêndios "é fortemente influenciado pelo impacto humano no território, já que mais de 50% dos incêndios em Portugal têm origem em comportamentos negligentes ou criminosos".
Esse "não foi o caso do trágico incêndio" que começou, no sábado, em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e que alastrou aos distritos de Coimbra e Castelo Branco, causando pelo menos 64 mortos, que teve como origem "vários factores incontroláveis", apontou Carlos Amaral Vieira, em resposta a questões colocadas pela Lusa.
A força de prevenção e combate a incêndios Afocelca é constituída por três helicópteros ligeiros - cada um com uma equipa de combate helitransportada de cinco sapadores florestais -, 38 unidades de prevenção e vigilância, compostas por três sapadores, com equipamento de primeira intervenção, e 18 equipas de combate terrestre com seis elementos operacionais num veículo semipesado.
Anualmente, a Afocelca envolve mais de 400 pessoas, entre técnicos florestais, supervisores, combatentes, operadores de central e oficiais de ligação, segundo dados da associação.
Nos últimos dez anos, a indústria florestal de pasta e papel, que tem eucalipto, mas também pinheiro bravo e sobreiros, investiu mais de 30 milhões de euros na prevenção e combate a incêndios.
Em 2016, o valor destinado à protecção da floresta foi de cerca quatro milhões de euros, segundo dados da CELPA.
Entre os trabalhos de prevenção de incêndios realizados ao longo de todo o ano, estão desmatamento, controlo de vegetação, limpeza de caminhos e aceiros ou manutenção e construção de rede viária e divisional das propriedades.
Sem adiantar em quantas situações de combate a incêndio já participou este ano, o responsável confirmou que a Afocelca "está no teatro de operações desde o primeiro momento", em colaboração com a ANPC e outras entidades.