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Marta Temido admite travão regional no desconfinamento

A ministra da Saúde lembra que o plano traçado pelo Governo era “deliberadamente progressivo e de ritmo lento” para poder ser adequado à situação epidemiológica, avisando que não quer “perder mais vidas inutilmente”.

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13 de Abril de 2021 às 13:51
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Depois de ouvir os peritos estimar que o limiar dos 120 casos por 100 mil habitantes a 14 dias pode ser atingido a nível nacional daqui a duas a quatro semanas e que até já há 22 concelhos com esse registo, a ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu colocar um travão no processo de desconfinamento, lembrando que "a estratégia aprovada era gradual e deliberadamente progressiva e de ritmo lento, para ir adequando as medidas às situações epidemiológicas".

"O Conselho de Ministros [de quinta-feira] vai apreciar todos os números e os próximos dias são decisivos para que se consolidem tendências num sentido ou no outro, e para que possamos tomar decisões para o período seguinte, a partir de 19 de abril. Estavam previstos um conjunto de decisões, mas que na nossa estratégia gradual, progressiva e a um ritmo de acordo com o risco que enfrentamos, poderão ter paragens ou avanços", avisou.

 

Em declarações aos jornalistas à saída de mais uma reunião com os especialistas, que avisaram para o aumento do risco de transmissão e previram também que a incidência superior de 240 casos pode demorar apenas um a dois meses a chegar, a governante referiu que nos próximos dias haverá "um conjunto de contactos e de trabalho quer do Governo internamente, quer do Presidente da República com os partidos, para tomar as melhores decisões".

 

Questionada sobre se o desconfinamento poderia então avançar a velocidades diferentes, consoante a incidência da infeção nos diversos municípios e até regiões, Marta Temido reconheceu que essa avaliação local e regional "tem sido sempre feita" e que até há um "histórico em relação a essa abordagem", que foi seguida no outono do ano passado.

 

"Autoimpusemos critérios exigentes de monitorização da infeção. Obviamente que o limiar dos 120 ou dos 240 casos, estando muito distantes do que já tivemos no início deste ano, são os valores de referência para o país. Não queremos perder mais vidas inutilmente e não queremos causar mais doença, cujas consequências no longo prazo são ainda desconhecidas", resumiu a ministra da Saúde.

Os peritos ouvidos na reunião realizada na sede do Infarmed, como Óscar Felgueiras e Carla Nunes, aconselharam precisamente o Executivo socialista, ao tomar decisões sobre o avanço ou o recuo no plano de desconfinamento, a olhar para um indicador ajustado que agrega os dados dos municípios vizinhos, fazendo uma média ponderada entre o indicador concelhio e o da vizinhança, em vez de se concentrar apenas nos valores de uma única localidade.

Escolas abertas são "aspeto social a proteger"

 

A situação nas creches, no nível pré-primário e no primeiro ciclo de ensino, pelo qual foi iniciado o desconfinamento a 15 de março, foi outro dos aspetos em destaque na reunião desta manhã. À saída da reunião, Marta Temido destacou que "o número de casos encontrados em ambiente escolar, quer entre alunos quer o resto da comunidade, é bastante reduzido" e atribuiu o aumento de casos detetados até aos 9 anos de idade à maior incidência de rastreios em ambiente escolar nas últimas semanas.

 

Embora reconheça que os jovens, que têm doença menos severa, são agentes importante na transmissão da infeção – e há ainda "muitas zonas de desconhecimento em relação às variantes" –, a ministra da Saúde salvaguardou que o panorama das escolas de portas abertas "é o aspeto social que mais queremos proteger" e, por isso, o Governo "tem procurado desde o início do processo de desconfinamento conferir maiores condições de segurança, com a realização de testes aos alunos e ao pessoal docente e não docente".

 

Esta manhã, Henrique de Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), apresentou um estudo que envolveu quase 1.400 estudantes e profissionais de duas escolas de Santa Maria da Feira e Paredes, concluindo que as "medidas de mitigação no ambiente escolar funcionam e favorecem atividade letivas". Pelo contrário, rematou, "o risco de infeção está aumentado nas crianças e professores e profissionais quando os contactos de risco ocorrem fora da comunidade escolar".

Já em relação ao plano de vacinação – e antes de recusar comentar, para já, a suspensão da vacina da Johnson & Johnson nos Estados Unidos –, Marta Temido confiou que o processo vai " entrar numa fase em que a celeridade é muito importante", com a chegada de "quantidades cada vez mais significativas de vacinas nas próximas semanas".

 

A ministra da Saúde salientou ainda que a meta da vacinação das pessoas com mais de 60 anos pode conduzir a uma redução estimada de mais de 96% na mortalidade, com base nos dados conhecidos até ao momento, e confirmou que a abordagem por grupos etários será a prioritária a partir de agora, com 90% das vacinas reservadas para esse critério e as restantes 10% para patologias específicas.


(Notícia atualizada às 14:00 com os comentários sobre as escolas e a vacinação )

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