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Escolas levam a aumento da incidência até aos 9 anos

A abertura das escolas está a levar a um aumento da incidência até aos 9 anos, enquanto as pessoas com mais de 80 anos passaram a ser dos grupos com menor incidência, fruto da vacinação.

José Sena Goulão
13 de Abril de 2021 às 10:52
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A abertura das escolas primárias e creches está a ter impacto na evolução da pandemia, com a incidência a aumentar dos 0 aos 9 anos de idade. Em sentido contrário estão a evoluir os novos casos na população com mais de 80 anos, fruto do plano nacional de vacinação. Já em termos gerais, a incidência está nos 72 casos por 100 mil habitantes, mas pode alcançar o limite dos 120 algures entre as próximas duas a quatro semanas. 

São dados fornecidos na manhã desta terça-feira por Baltazar Nunes do INSA, e André Peralta Santos da DGS, que alertaram para a consequência da abertura das escolas, que levou a um "aumento muito significativo da incidência nos grupos etários abaixo dos nove anos" e a um aumento menos expressivo "entre os 25 e 50 anos" - a população ativa. 

Para esta evolução do número de novos casos por faixa etária contribui sobretudo o aumento da mobilidade, já que, segundo Baltazar Nunes, "Portugal era dos países maior redução da mobilidade, mas isso já não se observa", estando o país situado a meio da tabela europeia junto de países como a República Checa, Reino Unido ou Alemanha, que ainda têm em vigor medidas de restrição à circulação.

Um bom medidor da mobilidade é justamente o "índice de contactos", que mede uma estimativa do número de contactos físicos que cada um mantém ao longo do tempo, e que tem vindo a aumentar desde o final de fevereiro até ao final de março (altura dos últimos dados recolhidos), sobretudo para indivíduos com menos de 69 anos.

Portugal pode alcançar marca dos 120 casos daqui a duas semanas
Em termos gerais, Portugal apresenta uma "uma tendência ligeiramente crescente" do número de novos casos, fruto do valor do R(t), que está acima de um (1,05), e regista à data desta terça-feira uma incidência média a 14 dias de 71 novos casos por 100 mil habitantes, sendo que apenas 22 concelhos dispersos por todo o país, mas mais concentrados no Algarve e Alentejo, registam valores superiores à fronteiras dos 120 casos por 100 mil habitantes.

Ainda assim, com o aumento tímido mas constante do valor do ritmo de transmissibilidade, Baltazar Nunes prevê que o país possa ultrapassar a barreira dos 120 casos por 100 mil habitantes num período "entre duas semanas a um mês". Ultrapassar este valor na generalidade do território nacional significa que Portugal fica mais longe de controlar a pandemia e desconfinar segundo os padrões definidos por António Costa.

Quanto aos indicadores hospitalares de internamentos em enfermaria e unidades de cuidados intensivos (UCI), André Peralta Santos explica que, "mantem-se a tendência decrescente nas hospitalizações, embora menos acelerada, e o mesmo acontece para UCI, abaixo do referencial de 245 camas ocupadas por doentes covid", sendo que continuam a ser as pessoas com mais de 80 anos quem mais recorre aos hospitais. 

Em termos de mortalidade, Portugal assiste a uma "manutenção da tendência decrescente", situando-se agora "abaixo do limiar definido pelo ECDC - o que é uma boa notícia", salienta o perito da DGS.

Já o número de testes à covid tem aumentado em todo o país, mantendo a generalidade dos concelhos um número de resultados positivos abaixo da marca dos 4% definida pela DGS. Aqui, os concelhos com maior número de novos casos são também os que mais testam, sendo que em todas as idades a percentagem de testes positivos se mantém abaixo dos 4%. 

Segundo André Peralta Santos, "o que se espera é que nas próximas semanas a procura pelos indivíduos infetados se traduza numa diminuição da incidência".

Variantes controladas em Portugal
Em Portugal, a variante predominante é cada vez mais a do Reino Unido que, graças à sua capacidade de disseminação, é já responsável por cerca de 83% dos novos casos em Portugal, estando as restantes estirpes sob controlo. 

A sua representatividade é homogénea pelo país, à exceção da zona do grande Porto, onde é responsável por apenas 71% dos casos, segundo os dados fornecidos na reunião do Infarmed por João Paulo Gomes, do INSA.

Ao longo do tempo, Portugal registou cerca de 29 casos da variante de Manaus, originária no Brasil, o que coloca o país bem menos exposto à estirpe face a Itália ou à Suiça, que foram viram esta estirpe proliferar, e o que é surpreendente face à proximidade entre os dois países a nível de voos e comunidade imigrante. 

Já a variante de África do Sul regista 53 casos positivos em Portugal, todos eles identificados em sem que sejam fonte de preocupação. Também aqui Portugal regista uma prevalência da estirpe abaixo da média europeia.


(Notícia em atualização)
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