O director-geral de Saúde admitiu esta quarta-feira abandonar o cargo caso o dispositivo montado na Direcção-Geral de Saúde para o combate ao ébola não tenha o apoio do Governo e do Parlamento.

"Se perceber que o dispositivo montado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) não tem o apoio dos membros do governo e da Assembleia da República, mudam-se os dirigentes da DGS. Não é aceitável uma disputa de correntes entre maioria e oposição porque temos que estar juntos neste processo", disse Francisco George, numa audição no Parlamento.

Um documento da Ordem dos Médicos divulgado esta semana revelou preocupação com a forma como as autoridades têm lidado com a ameaça do vírus. O documento, muito crítico das acções tomadas até ao momento, critica as "mensagens de enganosa tranquilidade", considerando que "o risco teórico de virmos a ter casos de ébola em Portugal é alto".

Na audição no Parlamento, um dia depois da divulgação do documento, Francisco George revelou que o parecer do colégio da especialidade de saúde pública da Ordem dos Médicos sobre o ébola foi divulgado sem que todos os elementos daquele órgão fossem consultados.

De acordo com o responsável, houve elementos do colégio da especialidade de saúde pública que já solicitaram uma reunião daquele órgão para avaliar o documento.

Os Estados Unidos anunciaram esta quarta-feira o segundo caso de infecção. Trata-se de um profissional de saúde que tratou do cidadão da Libéria infectado que acabou por morrer já em solo americano. É apenas uma das 74 pessoas que estiveram em contacto com o doente infectado, pelo que as autoridades admitem novos caros. Há já registo de 8.917 casos em todo o mundo, 4.447 dos quais mortais, sendo a Libéria, Serra Leoa e a Guiné-Conacri os países mais afectados pelo surto. n LUSA