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"Não se pode pedir a uma raposa" que vigie o galinheiro, diz Edgar Silva

Edgar Silva e Marcelo Rebelo de Sousa, candidatos a Presidência da República, estiveram esta terça-feira frente-a-frente na RTP, onde discutiram a resolução do caso do Novo Banco e a avaliaram a actuação do Banco de Portugal.

Miguel Baltazar
05 de Janeiro de 2016 às 21:34
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No quinto dia em que os candidatos às eleições presidenciais do próximo dia 24 de Janeiro estão frente-a-frente, Marcelo Rebelo de Sousa e Edgar Silva debateram esta terça-feira, 5 de Janeiro, na RTP, depois do Telejornal.

Num debate onde Edgar Silva, candidato comunista a Presidente da República, recorreu a várias citações de Marcelo Rebelo de Sousa no passado para criticar o candidato com recomendações de voto do Partido Social Democrata (PSD) e do CDS-PP, os dois falaram do Novo Banco.

À questão colocada pelo jornalista sobre a confiança que os dois candidatos depositavam no actual governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, Edgar Silva defendeu que não está em causa a pessoa, mas sim "o sistema e o conjunto de regras". "Não se pode continuar a pedir a uma raposa que fique com a responsabilidade de vigiar o galinheiro para impedir que outras raposas se aproximem", acrescentou. 

O candidato sublinhou ainda que o Presidente da República "deveria ter um outro acesso à informação" e recordou a garantia dada por Cavaco Silva de que estavam garantidas todas as condições de estabilidade, dias antes de o BES cair. "Isto quer dizer que ele [Cavaco Silva] ou não teve acesso ou não se preocupou em conhecer toda a informação disponível", considerou o candidato do PCP.

Já Marcelo Rebelo de Sousa recordou que, depois do caso BES, achava estar "esgotada" a "experiência [de Carlos Costa] num determinado quadro" e que já teve oportunidade de dizer que "ele próprio deveria ter saído pelo seu pé".

Marcelo Rebelo de Sousa disse ainda concordar com a intervenção do Presidente da República na nomeação do governador de Portugal. Por seu lado, Edgar Silva não considera "essa mudança de poderes fulcral" e dá prioridade ao que é possível fazer com os poderes "constitucionalmente atribuídos" ao Presidente da República neste momento, em matérias de resolução de problemas sociais.

Sobre a venda do Novo Banco, Marcelo Rebelo de Sousa defende que se "as condições forem minimamente positivas para aquilo que tem sido o envolvimento do dinheiro dos contribuintes, deve ser vendido. Se não houver condições positivas, deve ficar na esfera do Estado". O comentador político sublinhou que tem sido dito que existem condições positivas e por isso espera "que não haja novas surpresas".

Para Edgar Silva, "esta é uma altura que coloca como imperiosa a necessidade de alterar todas as regras que são insuficientes e erradas". 

Marcelo Rebelo de Sousa lembra que não está a concorrer para "líder partidário"


"Sou independente. Fui sempre heterodoxo e independente, não recusando o apoio, ou essas recomendações de voto, como foram apresentadas", garantiu Marcelo Rebelo de Sousa questionado sobre o trunfo ou peso dos apoios dos PSD e do CDS depois de ser eleito. O professor de Direito acrescentou que se a intenção de quem lhe atribuiu essas recomendações de voto "se pensaria que entraria e dissolveria [a Assembleia da República] ou como uma arma de vingança de segunda volta em termos das legislativas está enganado".

No entanto, Edgar Silva não aceita o distanciamento apontado por Marcelo Rebelo de Sousa e acusa o candidato de ser um "Cavaco de Silva a cores", recordando que Marcelo foi escolhido enquanto Conselheiro de Estado do actual Presidente da República. O antigo sacerdote classificou o apoio do PCP como "certificado de garantia" da sua candidatura em como não falhará "quando for necessário para defender o interesse do povo dos trabalhadores". Marcelo recusou a comparação e disse: "não se preocupe comigo porque não estou a concorrer para líder partidário".

Edgar Silva invocou ainda uma notícia do Expresso de 2008 segundo a qual Marcelo Rebelo de Sousa assumia que, enquanto comentador político, as suas análises eram "sempre tendencialmente favoráveis ao PSD, mesmo quando não parecem". Confrontado, o militante do PSD disse tratar-se de supostas declarações suas numa reunião partidária e que posteriormente a notícia tinha sido rectificada.

Consulte o calendário completo dos próximos debates presidenciais televisivos.



(Notícia actualizada às 22h06)

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