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Rio quer outro modelo de crescimento e reformar partidos e justiça
No discurso de encerramento do 38.º Congresso do PSD, o reeleito presidente social-democrata não surpreendeu e insistiu na necessidade de mudar o atual modelo de crescimento assente no consumo interno e de reformar o sistema político e a justiça.
A substância do discurso com que Rui Rio encerrou o 38.º Congresso do PSD foi em quase tudo idêndita à mensagem que trouxe quando, em 2018, assumiu os comandos do partido. O líder social-democrata critica a governação socialista cujo modelo de crescimento económico assenta no consumo interno e numa carga fiscal recorde e insiste na devolvução da ética à política e no reforço da confiança dos cidadãos na justiça.
Depois dos habituais cumprimentos, Rio ensaiou uma aproximação ao CDS de Francisco Rodrigues dos Santos, ao fazer questão de deixar um "cumprimento em particular à delegação do CDS", partido que "partilhou com o PSD a governação do país".
Este foi o mote para defender a importância do "diálogo entre partidos" e com os agentes da sociedade como ponto de partida para a resolução dos problemas do país e para a adaptação aos novos desafios tais como a transição digital ou as alterações climáticas.
No entender de Rio, a dificuldade inerente a tais desafios exige que os políticos sejam "mais comedidos nas promessas e mais preparados para a ação, menos fazedores de notícias e mais construtores de soluções".
Mais investimento e mais salários
O presidente do PSD acusa o Governo socialista de se limitar a "gerir a conjuntura", de não fazer reformas e de manter uma estratégia de crescimento errada porque assente no consumo privado, pelo quer incapaz de "preparar o futuro de Portugal" – "O crescimento tem de ser comandado pela produção e não pelo consumo", sustentou.
Rui Rio apontou depois os baixos salários como os um dos problemas estruturais do país, defendendo que "para haver melhores salários são precisas melhores empresas e mais investimento". E após criticar PS e ex-parceiros da geringonça de persistirem "amarrados às conceções mais primárias da luta de classes", disse ser esse o fator que faz com que Portugal detenha atualmente a "maior carga fiscal da [sua] história".
No rol de críticas à governação, lamentou a "degradação dos serviços públicos", destacando sobretudo a saúde mas também a situação nos transportes, educação e segurança.
Após ter também voltado a sinalizar o problema demográfico do país, que relaciona diretamente ao problema de sustentabilidade da Segurança Social, apelou a um "pacto político" com medidas concretas de "discriminação positiva" para revitalizar o interior de Portugal.
Nesse sentido defendeu uma descentralização efetiva – em 2018 PSD e Governo fizeram um acordo para a descentralização de competências - e um programa de desconcentração de serviços públicos para essas regiões.
Limitar mandatos dos deputados e reduzir o seu número
Há muito defensor da necessidade de dar um "banho de ética" à política nacional, Rio recuperou propostas para a limitação do número de mandatos dos deputados à Assembleia da República e para "reduzir moderadamente o número de deputados".
Alterar a Lei dos Partidos e mudar a composição da Comissão de Ética do Parlamento foram outras ideias deixadas como solução para o afastamento entre cidadãos e classe política e para a credibilização desta.
Partindo do diagnóstico de que a confiança dos portugueses no sistema de justiça está "muito
aquém do necessário e muito abaixo daquilo que já foi", Rui Rio concluiu ser precisa "uma reforma alargada da justiça".
Para estas duas reformas, e outras relevantes para o interesse nacional, Rio reiterou que o PSD "continuará a estar disponível" para forjar entendimentos.
Sem novidades de monta, o discurso com que Rui Rio encerrou o 38.º Congresso podia perfeitamente ter sido aquele com que, há dois anos, foi entronizado na presidência do PSD.
(Notícia atualizada)