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Rio rejeita afunilar PSD à direita e promete autárquicas sem clientelismos
Na abertura do 38.º Congresso em que enunciou a estratégia para os dois próximos anos, Rui Rio garantiu que o PSD tentará "abarcar todo o centro político", sem se afunilar à direita. Para as autárquicas, Rui Rio garante que vai escolher os "melhores candidatos" e promete combate aos clientelismos.
Desenganem-se aqueles que pudessem estar à espera de alguma mudança relevante na estratégia que Rui Rio tem para o mandato de dois anos que agora inicia, pois o presidente social-democrata reeleito em janeiro vai manter o essencial do rumo iniciado em 2018.
Rio vai continuar a afirmar o PSD ao "centro" e a rejeitar acantonar o partido à direita, vai insistir na moralização e reforma da atividade política, a começar pela escolha dos "melhores" para as autárquicas de 2021 e pela rejeição de clientelismos, e a fazer oposição de forma "responsável" e sem lógicas de mero "bota-abaixo".
A garantia de continuidade foi dada logo no início de um discurso de 12 páginas, com o ex-autarca portuense a frisar que os eleitores, nas diretas de janeiro, "quiseram que o PSD prosseguisse no mesmo rumo de atuação política" iniciada no congresso de 2018 que entronizou Rio na presidência do partido.
Já num apelo de coesão interna, prometeu trabalhar para "conquistar a confiança" daqueles que votaram nos adversários Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.
Rui Rio defendeu que mais do que o número de deputados eleitos, é a implantação autárquica de um partido e "mede a verdadeira força de um partido na sociedade", oportunidade para reiterar a defesa da "descentralização e da desconcentração" de serviços e entidades públicas.
Quanto às autárquicas de 2021, Rio promete uma espécie de higienização, "escolhendo os melhores candidatos", recusando escolhas baseadas em amizades e ignorando líderes de "uma qualquer fação partidária local".
Para esta luta Rio conta com o Ministério Público, a quem pede uma "atenção especial" para os casos em que se verifique um "aproveitamento abusivo de meios públicos autárquicos para fins de natureza pessoal ou partidária".
Sem estipular metas concretas, o líder "laranja" quer o reforço autárquico do partido e melhorar face aos "fracos resultados" obtidos nas duas últimas autárquicas.
Recusa do "bota-abaixo"
Perante os "sinais de degradação" observados nos mais variados quadros partidários europeus, que Rio sustenta também vislumbrar em Portugal, o presidente do PSD assume como "obrigação fazer as reformas que a realidade impõe".
Para o fazer compromete-se prosseguir esforços para abrir o PSD à sociedade e, nesse sentido, aprofundar a implantação e abrangência do Conselho Estratégico Nacional (CEN), que Rio quer afirmar como o "embrião do contrato de confiança" que pretende firmar com os portugueses.
"Um partido não pode ser uma agência de empresas", atirou.
Ainda no âmbito da regeneração da forma de fazer política, e também numa tirada contra os críticos internos e comentadores que, ao longo dos últimos dois anos, se opuseram à sua liderança, Rui Rio sublinhou que "os partidos existem para servir o país" e não "para dar corpo às suas pequenas táticas nem aos interesses particulares dos seus dirigentes".
Foi então que deixou a primeira de duas citações de Sá Carneiro: "Primeiro está Portugal, depois o partido e, por fim, a nossa circunstância pessoal".
Continuando a defender o rumo iniciado há dois anos, acrescentou ser com "elevação intelectual" e não com a insistência na "política do ‘bota-abaixo’ e da crítica sem critério nem coerência" que o PSD conseguirá "conquistar os portugueses". Ou seja, com uma "oposição credível e realista" capaz de afirmar "políticas alternativas".
PSD a "abarcar todo o centro"
A finalizar voltou a afirmar a matriz "social-democrata" do PSD, recusando embarcar em derivas liberais ou conservadoras pois o partido deve abarcar "todo o centro político" já que é esse "o espaço onde se encontra a esmagadora maioria das pessoas".
Rio não acredita que o crescimento eleitoral do partido possa ser feito à direita, hipótese que significa "desvirtuar" os princípios do PSD e "afunilar eleitoralmente o partido".
O líder social-democrata rejeita também um caminho que leve à desideologização do partido, considerando que essa via mais não é do que assumir, mesmo que "indiretamente", o "populismo e a demagogia como bandeiras".
"Uma coisa é o PSD conseguir ser o líder de uma opção à direita da maioria de esquerda que nos tem governado, outra, completamente diferente, é sermos nós próprios a direita", concluiu. Esta era a mensagem esperada desde logo porque a própria moção estratégica que Rio trouxe ao congresso se intitula "Portugal ao Centro".
(Notícia atualizada)