Notícia
Apelos à unidade ainda não garantem um PSD unido
Veja os momentos mais relevantes do segundo dia do 38.º Congresso do PSD.
- Apelos à unidade marcaram primeiro dia
- Rio mantém PSD ao centro
- Montenegro e Pinto Luz falam hoje
- Composição das listas aos órgãos internos
- Trabalhos recomeçaram às 10:50
- José da Fonseca pede ao PSD para "não desvalorizar ação da UGT" como faz o PS
- Almeida Henriques exige ao PS cumprimento do acordo na descentralização
- Duarte Pacheco acusa PS de só pensar em se "perpetuar no poder"
- Miranda Sarmento quer PSD preparado para ser alternativa "a qualquer momento"
- Negrão diz que foi importante Rio ter definido ideologicamente o partido
- Adão Silva disponível para liderar bancada parlamentar
- Morais Sarmento diz que congresso marca "caminho para vencer o país"
- Hugo Soares diz a Rio que o PSD "não transforma derrotas copiosas em vitórias"
- André Coelho Lima critica "contradições" de Hugo Soares
- Lina Lopes critica partido e Passos
- Morais Sarmento ratifica posicionamento ideológico de Rio
- Albuquerque também faz apelo à unidade
- Rangel vê Rio "primeiro-ministro mais cedo do que tarde"
- Montenegro promete unidade mas não poderá calar-se “sob que pretexto for”
- Pinto Luz pede a Rio para não ter "medo das caras novas"
- Silvano espera que tenha acabado o "cinismo" no PSD
- Alberto João Jardim quer PSD a "mudar" Portugal com os abstencionistas
- Paulo Cunha pede a Rio para não se "entrincheirar entre os seus"
- Rio mantém Silvano como secretário-geral e escolhe Rangel para encabeçar Comissão Nacional
- Listas de Rui Rio ao Conselho Nacional e Conselho de Jurisdição
- Rio não veta "à partida” Centeno para governador do Banco de Portugal
- José Silvano garante "mais de 22 mulheres" no Conselho Nacional
- Poiares Maduro quer misturar congresso eletivo com primárias
- São 10 as listas ao Conselho Nacional e quatro ao Conselho de Jurisdição
- Adão Silva deixa elogios à "montra" do partido
- Congresso também foi palco dos candidatos à JSD
- Moção de Rio aprovada por larga maioria. Primárias e Eutanásia também aprovadas
- Apelos à unidade ainda não garantem um PSD unido
Se apoiantes de Rio como Paulo Rangel ou Salvador Malheiro pediram um partido coeso em torno do presidente reeleito nas diretas de janeiro, também o crítico Pedro Duarte o fez, embora com uma nuance, já que considerou que a possibilidade de o PSD se unir depende sobretudo da "atitude" que o líder adotar daqui em diante.
Rio assegurou que o PSD tentará "abarcar todo o centro político", sem se afunilar à direita e para as autárquicas, garantiu que vai escolher os "melhores candidatos" e prometeu combate aos clientelismos.
Mas se Pinto Luz já garantiu que não integrará nenhuma lista aos órgãos internos do partido, Montenegro patrocina uma lista que tem como objetivo garantir a representação dos seus apoiantes e que terá, segundo apurou o Negócios, Paulo Cunha, presidente da câmara de Famalicão, como cabeça de lista ao Conselho Nacional.
Tal como há dois anos, deverá ser o próprio presidente do PSD a anunciar as suas escolhas ao Congresso.
As saídas de Elina Fraga e de José Manuel Bolieiro (que tem assento por inerência na Comissão Política como líder do PSD/Açores) têm sido apontadas como certas, bem como um reforço do papel de Joaquim Sarmento - porta-voz do partido para as Finanças Públicas - na direção.
O Conselho Nacional, órgão máximo do partido entre congressos, será como habitualmente o espelho das várias sensibilidades do partido, sendo já certas, além da lista da direção, outra encabeçada pelo presidente da Câmara Municipal de Famalicão, Paulo Cunha - que recusou o rótulo de ser a lista de Montenegro -, uma de Carlos Eduardo Reis (que integra nomes como Rui Cristina, vice-presidente da distrital de Faro, ou Miguel Corte-Real, vice-presidente do PSD/Porto e elementos dos Açores e Madeira) e uma com o presidente da distrital de Setúbal, Bruno Vitorino, como primeiro nome.
Também Joaquim Biancard Cruz voltará a apresentar uma lista ao Conselho Nacional (com nomes como o deputado Duarte Marques e a eurodeputada Lídia Pereira), tal como o deputado e ex-candidato a líder da JSD André Neves.
Questionado na sexta-feira se irá encabeçar a lista da direção ao Conselho Nacional, o eurodeputado Paulo Rangel remeteu essa questão para o dia de hoje, lembrando que terá sempre assento neste órgão por inerência.
Ao Conselho de Jurisdição concorrerão pelo menos duas listas, a da direção, e uma encabeçada por Paulo Colaço, que saiu deste órgão no ano passado depois de divergências com o presidente do Conselho Nacional, Paulo Mota Pinto.
Paulo Mota Pinto, que é também presidente da Mesa do Congresso, advertiu que só serão elegíveis os militantes com um ano de filiação e com quota paga neste Congresso e apelou a que as listas sejam submetidas eletronicamente, o que acelerará a verificação do processo.
As listas para os órgãos nacionais podem ser entregues até às 19:00 e as moções de estratégia global e temáticas serão votadas pelas 23:00.
O segundo dos três dias de trabalhos vai ser dedicado ao debate e votação da moção de estratégia global do presidente do PSD, Rui Rio, bem como das 13 propostas setoriais.
Quando o presidente do congresso, Paulo Mota Pinto, deu por iniciados os trabalhos havia mais de 100 inscritos para discursar.
Numa das primeiras intervenções feitas esta manhã, José Guerra da Fonseca, vice-presidente da UGT, lembrou a precariedade laboral em Portugal e criticou a "proliferação dos contratos a prazo", que considerou uma "calamidade inadmissível". "Os jovens merecem um futuro mais digno", disse defendendo que a "os interesses patronais têm ficado sempre, mas sempre, à frente dos interesses dos trabalhadores".
Depois apelou ao PSD para "nunca" ter a mesma atitude do PS de "desvalorização da ação da UGT", considerando que o partido liderado por Rui Rio "tem de ouvir mais os companheiros que integram a central sindical" e "defender interesses dos trabalhadores, jovens e reformados" pois só assim poderá vencer os próximos atos eleitorais.
O presidente da câmara de Viseu fez questão de saudar Pinto Luz e Luís Montenegro pelo "combate político dentro do partido" antes de apontar mira às autárquicas para defender que o PSD deve lutar por conquistar "mais câmaras, mais juntas de freguesia e mais mandatos nas assembleias municipais".
Almeida Henriques instou depois Rui Rio a exigir ao PS e ao Governo o cumprimento do acordo na descentralização negociado em 2018. Garantindo apoio ao líder Rui Rio, o autarca defendeu que todos têm de ter lugar no partido.
Na mais dura intervenção contra a governação socialista feita até este momento, o deputado social-democrata, Duarte Pacheco, afirmou que o PS, "quando conquista o poder, conquista-o para estar no poder e não para exercer o poder".
"Não temos qualquer reforma feita ao longo dos últimos cinco anos", prosseguiu acusando os socialistas de apenas pensarem em se "perpeturarem no poder".
Duarte Pacheco considera que "a única alternativa à governação socialista é o PSD", porém notou que o partido precisa de se "abrir à sociedade" e ter todos os militantes e estruturas em sintonia no apoio a Rui Rio, pois o líder "não pode fazer tudo sozinho".
Este apoiante do presidente reeleito, assume acreditar "na liderança de Rui Rio, pela sua seriedade, credibilidade e porque pensa primeiro em Portugal". Duarte Pacheco admitiu que o facto de Rio colocar sempre os interesses do país à frente dos do próprio partido faz com que muitas vezes os militantes fiquem "com coisas atravessadas" para concluir que essa é precisamente uma das virtude do líder social-democrata.
Mesmo considerando que as legislaturas são para cumprir e que os sociais-democratas não devem concentrar esforços no sentido de precipitar uma crise política, Joaquim Miranda Sarmento defendeu ser "importante que o PSD esteja preparado para, a qualquer momento, com programa e equipa, ser a alternativa que o país precisa".
Em declarações ao Negócios feitas à margem do 38.º Congresso social-democrata, o porta-voz do Conselho Estratégico Nacional (CEN) para as Finanças, que é apontado como futuro membro da direção de Rui Rio, considera que "o PSD tem todas as condições para sair unido deste congresso e começar a sua preparação para as regionais dos Açores, as autárquicas e a oposição ao Governo".
Também conhecido como o "Centeno de Rio", Miranda Sarmento admite que "do lado do Governo há um equilíbrio frágil com os outros partidos da chamada geringonça, portanto eles terão de se entender a cada momento e em cada decisão". Ainda assim, o economista admite que o PSD poderá viabilizar orçamentos do PS, porém apenas se e quando "as circunstâncias do país e, ou, internacionais" o exigirem.
Miranda Sarmento concorda com o voto contra do PSD ao Orçamento do Estado para 2020 e apesar de considerar o excedente orçamental de 0,2% do PIB previsto para este ano como "adequado", critica a forma "como se lá chegou".
Ainda em relação à discussão orçamental, lamentou que as "tricas e malabarismos parlamentares" tenham feito com que o país saísse "a perder por não ter uma redução do IVA da eletricidade, um bem de consumo essencial, ainda para mais num país com tantas deficiências na habitação".
"A descida do IVA da luz era uma medida de combate à pobreza", rematou.
Negrão argumentou que "o militante quer de facto é que haja unidade no PSD e que o PSD não seja um partido fonte de notícias pelos problemas internos, mas sim um partido fonte de notícias por ser um verdadeiro partido de oposição".
Questionado sobre notícias que o apontam como número um da lista ao Conselho de Jurisdição de Rui Rio, o antigo líder parlamentar disse apenas: "não sei que convite é que possa chegar, não faço ideia nenhuma, mas se alguém falar comigo durante o decurso deste congresso, é a essa pessoa que eu responderei".
"Dos 78 deputados, tirando Rui Rio, quem é que não está disponível para dirigir uma bancada como a bancada do PSD. Uma bancada diversa, plural, cheia de pessoas com grande categoria. Eu acho que todos os 78 deputados estão disponíveis para assumir esta responsabilidade que é uma responsabilidade exigente e poderosa", disse.
À chegada para o 38.º Congresso do PSD, que decorre até domingo em Viana do Castelo, o social-democrata sublinhou, contudo, que, neste momento, a sua candidatura à liderança parlamentar não está em cima da mesa.
Para o deputado, o tema da sucessão na bancada parlamentar só se porá quando o presidente do partido, Rui Rio, e também presidente da bancada parlamentar do PSD, renunciar ao seu mandato.
"Aí obviamente iremos lançar o processo", concluiu.
Questionado pelos jornalistas, à chegada ao centro cultural onde decorre a reunião social-democrata, sobre as listas aos órgãos do partido, Morais Sarmento desvalorizou o "lugar" que ocupará, afirmando ser "mais importante" a "vontade de continuar a participar" no futuro do partido.
"Depois de dois anos de um caminho difícil dentro do partido, espero que este congresso marque o primeiro dia do caminho para vencer o país, começando pelas próximas eleições autarquias que são desafio fundamental", referiu.
Nesse caminho garantiu estar "disponível" para o que "puder e conseguir" fazer, rejeitando ainda um cenário de rutura com o CDS-PP, na sequência da aprovação do Orçamento de Estado(OE) para 2020 e da votação da descida do IVA da eletricidade.
"Nunca fomos, nem queremos ser, o PCP. Não transformamos derrotas copiosas em vitórias eleitorais", declarou Hugo Soares numa crítica ao discurso feito por Rui Rio esta sexta-feira quando defendeu que PS e PSD tinham saído reforçados das últimas legislativas.
Depois de dizer que "não é um resultado eleitoral que nos faz mudar de pensamento nem de convicções", o ex-líder parlamentar quis lembrar Rio de que nas legislativas o "PSD perdeu eleitores, deputados, perdeu as eleições".
"O PSD saiu reforçado onde", questionou acrescentando de seguida que "o PS ganhou as eleições que não tinha vencido em 2015, teve mais votos e mais deputados".
"Onde está o reforço eleitoral do PSD", voltou a perguntar para afirmar que diverge "profundamente" de Rio sobre aquilo que deve ser "ambição do PSD". "No PSD não nos congratulamos com as vitórias do doutor António Costa. Nunca fomos, nem queremos ser, o PCP. Não transformamos derrotas copiosas em vitórias eleitorais", atirou.
Já numa crítica à aproximação de Rio ao centro, e também ao PS, este destacado apoiante de Luís Montenegro afirmou que os militantes sociais-democratas não são "socialistas de segunda" mas sim "sociais-democratas".
Perante uma sala dividida entre palmas e assobios, Hugo Soares assegurou que ambos "são música" para os seus ouvidos e concluiu desafiando Rio a "transformar o doutor António Costa no seu verdadeiro adversário".
Isto porque antes Soares havia criticado Rio por ter falado em reforço eleitoral sem que tal tivesse acontecido para depois afirmar: "Quando nos movemos por convicções, não são os resultados eleitorais que limitam os nossos movimentos".
Apontado como possível vice da próxima direção de Rio, André Coelho Lima pediu "unidade na diversidade" e "humildade" na análise dos resultados eleitorais. Embora provocando reações menos acalarodas do que Soares, também Coelho Lima recebeu aplausos e alguns assobios.
Também a presidente das Mulheres Social Democratas, Lina Lopes, gerou reações opostas dos congressistas.
É que depois de criticar que num partido da dimensão do PSD, composto por 48% de mulheres, 80% dos delegados a este congresso sejam homens, o que sendo uma crítica ao partido não deixa também de atingir Rio.
Depois veio a defesa de Rio em forma de ataque ao ex-presidente, Passos Coelho: "Não foi o doutor Rui Rio quem perdeu as autárquicas, foram outros".
"O centro é a primeira trincheira da direita ou a última da esquerda. Nem os velhos nem os novos partidos à nossa direita se preocupam em defendê-la", disse sinalizando a "responsablidade histórica" do PSD em lutar por uma "trincheira da qual depende qualquer maioria de Governo em Portugal".
"Abandonar esta trincheira é não só oferecer o centro ao PS, como tornar mais fácil uma maioria socialista em Portugal", acrescentou precisando que o caminho do PSD "será sempre que necessário uma AD e nunca um bloco central".
"Unidos venceremos."
"Pode contar com o PSD-Madeira", proclamou dirigindo-se a Rui Rio e reiterando como "imperativo o partido estar unido", até porque uma força política "que não transmite um sentimento de unidade para a opinião pública, está a transmitir um sintoma de fraqueza e desgaste", defendeu.
O segundo passo para o sucesso eleitoral do PSD é, no entender de Albuquerque, definir "desde já um projeto claro de alternativa ao desgoverno das esquerdas em Portugal", que constitua uma "agenda de esperança" para os portugueses.
"Rui Rio pode ter a certeza que estamos todos consigo", proclamou.
Paulo Rangel fez, até ao momento, a intervenção que mais galvanizou os congressistas, entusiasmo conquistado logo à partida com a homenagem ao falecido Zeca Mendonça, "o melhor militante" do PSD.
Depois de dizer que o partido poderá contar com Montenegro e Pinto Luz, Rangel acusou António Costa de ter descoberto algo que faz do primeiro-ministro e do Governo a fábula do Pedro e o Lobo, pois sempre que o líder socialista "tem medo, ameaça com a demissão".
Rangel defendeu que depois dos casos dos professores e do IVA da eletricidade, "da terceira vez que [Costa] ameaçar demitir-se é bem capaz de ter de se demitir".
Depois criticou o "duplo padrão" que se verifica na forma como é tratado o PS e o PSD, perguntando o que aconteceria se fosse do PSD a ministra da Agricultura que "teve o desplante de dizer que o coronavírus pode ser bom para a economia" ou se fosse um Governo social-democrata a nomear uma procuradora-geral da República a que "silenciar o Ministério Público".
Mesmo a terminar, o também vice-presidente do PPE assumiu que dado o debate já feito neste congresso, mudou de opinião e converteu-se à ideia de que é preciso realizar "um referendo sobre a eutanásia".
O antigo líder da bancada do PSD dividiu o discurso em três partes distintas. Na primeira, cumprimentou Rio e Pinto Luz, que disse ver "como companheiros e não como adversários", defendeu a necessidade de o partido se abrir à sociedade e a importância de os militantes participarem "mais", pois o PSD não pode querer conquistar os abstencionistas quando dos mais de 225 mil militantes apenas cerca de 32 mil votaram nas diretas de janeiro.
A segunda parte foi sobretudo pontuada por críticas ao Governo do PS, mas também por recados ao líder do PSD: "Não pode haver equívocos, se a gerigonça ruir, o PSD não vai ser a tábua de salvação de António Costa", disse provocando os primeiros aplausos à sua intervenção.
"A governabilidade e estabilidade dependem única e exclusivamente da geringonça", acrescentou para defender que o primeiro-ministro não pode reclamar junto do PSD disponibilidade para garantir uma governação estável.
E se Costa e geringonça não forem capazes de proporcionar essa estabilidade, então o primeiro-ministro "deve demitir-se" – este foi o momento do segundo grande aplauso a Montenegro.
Foi então altura para passar ao terceiro e último capítulo, aquele em que o candidato derrotado na primeira segunda volta em diretas sociais-democratas sustentou que o "PSD precisa de paz" e que todos devem contribuir para a mesma.
"O partido precisa de se refrescar, há demasiada crispação e agressividade verbal, demasiado fanatismo e até muitas vezes alguns excessos", disse pedindo "tolerância".
Já prometendo dar o respetivo "contributo longe dos cargos partidários e públicos", Montenegro terminou deixando o aviso de que não se calará quando e sempre que não concordar com as opções e o rumo que a direção quiser dar ao partido: "O que não posso é calar-me sob que pretexto for", atirou citando Sá Carneiro.
Pinto Luz lembrou que "em política temos de saber ganhar e saber perder" para notar que apesar de ter perdido a eleição interna, as "convicções" que tem para o partido e o país "não foram nem podem ser derrotadas".
O autarca apontou às eleições locais de 2021 e, ao contrário de Rio, para quem o PSD deve aspirar a melhorar o resultado de 2017, estabeleceu como objetivo mínimo uma "vitória" nas próximas autárquicas. Para esse combate, Pinto Luz pediu a Rui Rio para não ter "medo das caras novas" nem da "diversidade" que é o "maior ativo" do PSD, no que foi um claro apelo para que a direção social-democrata aposte em novos nomes para as autárquicas.
A intervenção não terminou sem um remoque aos "senadores" do PSD que só o são porque acham que sim e que preferiram ficar na "reserva" na altura do combate, sublinhando ainda que ele próprio não esteve nem está na reserva.
"Basta de cinismo no PSD", atirou ainda José Silvano considerando essa condição essencial para que o partido "se possa unir".
"Temos de mudar Portugal, custe o que custar, mas sobretudo mudar Portugal contando com os nossos compatriotas que até agora se abstiveram, mas que podem contar com este PSD que agora mudou, que agora vai para a frente", afirmou Alberto João Jardim, no centro cultural de Viana do Castelo onde decorre o 38.º Congresso do PSD.
No apelo que fez perante o congresso, numa intervenção com cerca de 16 minutos, Jardim disse que o PSD não pode "perder mais tempo".
"Não percamos mais tempo com a direita dos interesses que queria ver o PSD transformado num partido do sistema político de 1976", reforçou.
Paulo Cunha sustentou que para conquistar a confiança dos portugueses e vencer eleições, o PSD deve saber escolher "internamente a diversidade que caracteriza Portugal", pois um "partido que não dê espaço para essa diversidade, é um partido que está condenado".
"Não torne o PSD um partido de sentido único, um partido de fação, um partido que exclua e não permita o ingresso daqueles que pensam de forma diferente", desafiou este apoiante de Montenegro nas últimas eleições internas sociais-democratas.
Como se esperava, Rio faz subir André Coelho Lima de vogal para vice da Comissão Política Nacional, que é acompanhado no novo núcleo duro pelos repetentes David Justino, Isabel Meirelles, Morais Sarmento e Salvador Malheiro. Outra novidade neste órgão como vice é Isaura Morais, deputada e ex-autarca.
André Coelho Lima e Isaura Morais, que já pertenciam à direção de Rio, substituem como vices José Manuel Bolieiro e Elina Fraga.
Rio pretende ainda que José Silvano se mantenha como secretário-geral. Também sem surpresas, Miranda Sarmento, conhecido como o "Centeno de Rio", passa a integrar a direção como vogal. No total, há cinco caras novas na Comissão Política: além de Miranda Sarmento, estreiam-se Fátima Ramos, Paula Calado, Paula Cardoso e Ricardo Morgado.
Fernando Negrão é o nome escolhido para liderar o Conselho de Jurisdição Nacional, em substituição de Nunes Liberato, e Paulo Rangel para encabeçar a lista ao Conselho Nacional. Rangel já havia encabeçado a lista apresentada há quatro anos por Passos Coelho e, segundo notou José Silvano aos jornalistas, só não foi também cabeça de lista em 2018 porque Rio consensualizou a lista com Santana Lopes.
O eurodeputado é acompanhado na lista ao órgão máximo entre congressos do PSD por Arlindo Cunha, António Proa, Paulo Ramalho e Vitor Martins.
Já Paulo Mota Pinto mantém-se como presidente da Mesa, agora junto a José Manuel Bolieiro, que sai da direção, e Isabel Cruz, como vices.
1- Paulo Rangel
2- Arlindo Cunha
3- António Proa
4- Paulo Ramalho
5- Vítor Martins
Conselho de Jurisdição Nacional
1- Fernando Negrão
2- Pedro Roseta
3- Paula Reis
4- João Dias Coelho
5- Nuno Correia
#38congressopsd @RuiRioPSD anuncia os nomes para os Órgãos Nacionais do PSD. #todosporportugal #PSD pic.twitter.com/wH4TgmpFWG
— PSD (@ppdpsd) February 8, 2020
O presidente do PSD afirmou hoje que não veta "à partida" o nome de Mário Centeno caso o ministro das Finanças seja apontado para governador do Banco de Portugal, mas defendeu que a próxima administração "não pode ser monolítica".
Em entrevista à RTP, no decorrer do 38.º Congresso do PSD, que decorre em Viana do Castelo até domingo, Rui Rio foi questionado se aceitaria o nome de Mário Centeno para liderar o banco central.
"Não tenho que aceitar nem deixar de aceitar, o Governo, se quiser, ouve a oposição. Mais importante é a equipa como um todo e penso que é assim que o Governo está a pensar (…) Acho que essa administração do Banco de Portugal não pode ser monolítica, deve ser como neste momento, mais abrangente", afirmou.
O antigo ministro do Governo de Passos Coelho explicou ao Negócios em que consiste a proposta que consta da moção setorial que trouxe a este congresso social-democrata.
Miguel Poiares Maduro refere que a sua proposta "procura juntar o melhor das primárias com o melhor do sistema tradicional do congresso eletivo".
"Propomos duas voltas. A primeira num congresso em que se discutem as propostas e moções globais dos candidatos e que faz seleção exigindo que pelo menos qualquer candidato que queira ir as primárias tenha de ter pelo menos 20% na sua moção. Há uma primeira seleção feita em congresso e depois há uma segunda fase em que se alarga a participação em primárias."
O professor na Universidade de Florença considera "aquilo que tem causado riscos de captura pelos extremos dos partidos políticos é o facto de o processo de escolha de seleção de lideranças ser muito limitado".
Este tipo de processo "é facilmente capturado por grupos de interesses", sustenta sublinhando a importância de "alargar de forma exponencial a participação".
Sobre Passos Coelho, acredita que o ex-primeiro-ministro falou recentemente sobre a importância de PSD e CDS não porem de parte entendimentos por mera vontade de "participar politicamente", além de que aquela afirmação "é absolutamente normal visto que o aliado tradicional do PSD é o CDS."
O docente universitário acredita que Passos poderá perfeitamente voltar a desempenhar cargos políticos, seja a nível "nacional seja internacional".
Considerando que o processo interno social-democrata de diretas para a escolha do líder não permite uma afirmação eficaz da liderança eleita, o eurodeputado Paulo Rangel defendeu, em entrevista ao Negócios, que o PSD teria muito a ganhar com o regresso aos congressos eletivos.
Além da lista proposta por Rui Rio para o órgão máximo entre congressos, que tem Paulo Rangel como número um, destaque para a lista encabeçada por Paulo Cunha (integrada por apoiantes de Montenegro).
O deputado e potencial sucessor de Rio na liderança da bancada do PSD teceu rasgados elogios à qualidade dos 79 deputados que integram o grupo parlamentar social-democrata.
"Somos a montra do nosso partido", disse antes de atacar a "lógica de chantagem e sacanagem" que defendeu ser a tónica da atuação recente dos deputados do PS, em particular na discussão do Orçamento do Estado para 2020.
"Essa não é a nossa linha. O nosso caminho é o da credibilidade e da autenticidade. Somos e queremos ser cada vez mais autênticos e credíveis", proclamou antecipando que poderá haver legislativas "mais cedo do que se acredita".
Primeiro falou Alexandre Poço, candidato que nas diretas de janeiro apoiou Pinto Luz. Depois foi a vez de Sofia Matos, apoiante de Rui Rio, confirmar a candidatura à chefia dos jovens sociais-democratas.
Os congressistas sociais-democratas aprovaram também todas as 13 moções setoriais trazidas ao conclave social-democrata, entre as quais se destacam "Os Desafios do Investimento Público" (que tinha Salvador Malheiro como primeiro subscritor), "Por um Portugal Mais Feliz", de Pedro Pimpão, "Reformar o PSD para Reformar a Política" (Poiares Maduro, Leitão Amaro, Duarte Marques, Lídia Pereira e Carlos Coelho como subscritores), "É Urgente Investir" (de Duarte Pacheco) ou ainda a moção "Eutanásia: Cuidar e Referendar" (que tinha António Pinheiro Torres como primeiro subscritor).
À imagem do que aconteceu há dois anos, no congresso social-democrata número 37, também o segundo dia do 38.º Congresso do PSD foi pautado por constantes apelos à "unidade" do partido.
Resta saber se, tal como depois do 37.º Congresso, também depois deste conclave Rui Rio continuará a enfrentar focos de divisão interna. Para já, os sinais deixados pelos principais críticos internos permitem antever que Rio não terá a vida propriamente facilitada.
Porque se Pinto Luz deixou uma mensagem claramente pacificadora, as intervenções de Hugo Soares, primeiro, e de Luís Montenegro, depois, mostram que a estratégia de afirmação ao centro de Rui Rio, bem como a disponibilidade para entendimentos com o PS, continua a deixar amargos de boca à ala "passista" do partido.
Tanto Soares como Montenegro garantiram que estão do lado do PSD, logo junto a Rio, para depois deixarem críticas e avisos velados ao presidente social-democrata. Hugo Soares criticou Rio por querer "transformar derrotas [eleitorais] copiosas em vitórias" e Luís Montenegro avisou que, no momento em que não concordar com o caminho trilhado pelo líder, não se calará "sob que pretexto for".
Já o cabeça de lista ao Conselho Nacional da fação de Montenegro, Paulo Cunha, pediu ao líder reeleito para não se "entrincheirar entre os seus" e chamar para junto de si as diversas sensibilidades do PSD, um pedido com escassas possibilidades de colher, pelo menos no que à composição das listas aos órgãos nacionais do partido propostas por Rio diz respeito.
Apoiantes de Rui Rio como Paulo Rangel, Adão Silva ou Morais Sarmento, fizeram a apologia da coesão como elemento determinante para o sucesso do partido. Morais Sarmento elaborou sobre o posicionamento de Rio, defendendo que "o centro é a primeira trincheira da direita ou a última da esquerda" e que assegurando que "abandonar esta trincheira é não só oferecer o centro ao PS, como tornar mais fácil uma maioria socialista em Portugal".
Sarmento concluiu com uma proclamação de vontade: "Unidos venceremos". O futuro dirá se o PSD ficará, ou não, unido para poder vencer.