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Rangel acusa Rio de ser “muleta do PS” e admite governar em minoria

Considera que o seu opositor no PSD deixou de ter condições para ser primeiro-ministro, diz que PS terá de "assumir as suas responsabilidades" se recusar viabilizar um executivo e orçamentos de um Governo minoritário social-democrata, mas recusou esclarecer o que fará no cenário contrário.

Lusa
13 de Novembro de 2021 às 10:07
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O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel acusou Rui Rio de querer continuar a ser "muleta do PS" e considerou que o seu opositor interno deixou de ter condições para ser primeiro-ministro.

Em entrevista à edição de hoje do semanário Expresso, disponível na íntegra na sua edição online, Rangel foi confrontado com uma outra entrevista sua de há dois anos em que dizia que Rui Rio tinha condições para ser o próximo primeiro-ministro e foi questionado se "deixou de ter essas condições".

"Penso que sim. Houve demasiada cooperação, colaboração e tolerância com o PS", respondeu o eurodeputado, apontando a entrevista que Rio deu esta semana à RTP como exemplo de que o presidente de que Rio "continuará disponível para ser a muleta do PS se for necessário".

"A alternativa a António Costa não pode ser o próprio António Costa, como ele quer: Costa e a geringonça, Costa e o PSD. Não pode ser. António Costa está esgotado, a sua experiência terminou. O que o país precisa neste momento é de um novo impulso, uma transição geracional. É a isso que me proponho. A trazer uma nova equipa, novos rostos", afirmou.

Na entrevista, Rangel defendeu uma "subida significativa" do Salário Mínimo Nacional, sem quantificar, e "uma política sustentada de redução fiscal", sobretudo ao nível do IRC, dizendo que poderá ser aprofundada uma diferenciação ao nível do IRS para os mais jovens.

"Eu sou favorável a uma subida sensível do salário mínimo. Uma subida significativa. Não por uma razão puramente social. O modelo de crescimento e desenvolvimento das empresas portuguesas não pode assentar nos salários baixos", justificou, sem dizer se apoia a trajetória prevista pelo atual Governo de subida para os 850 euros em 2025.

Questionado se o Governo tem margem, com um Orçamento em duodécimos, de anunciar aumentos salariais na função pública, Rangel fala em "eleitoralismo", aconselhando ao executivo de Costa "o recato próprio de um governo que está em transição".

"Por exemplo, o acordo de parceria para os próximos fundos não pode ser agora assinado por este governo", defendeu.

Sobre uma eventual negociação das prioridades do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Rangel admitiu que já será difícil fazer ajustamentos, preferindo concentrar-se nos fundos estruturais "que vão até 2027 e que podem ser executados até 2030".

"Aí sim, daria para corrigir os aspetos mais críticos que o PRR tem", considerou.

Paulo Rangel apontou a situação da TAP como "um dos dossiês mais difíceis que qualquer novo governo irá herdar, por causa de um erro colossal" do atual Governo, a nacionalização da companhia aérea.

"Vamos ver o que diz Bruxelas, eu estou bastante cético, mas não há dúvida que os contribuintes portugueses estão a pagar um preço brutal para uma solução que vai ser sempre má. Já não há boas soluções neste momento", considerou.

Questionado se, tal como Rui Rio admitiria deixar cair a TAP, Rangel disse só poder responder depois da decisão de Bruxelas quanto ao plano de reestruturação apresentado.

"Não há dúvida que haverá sempre lugar para uma companhia aérea portuguesa, se é esta ou uma nova não sei (...) Mas vai ser uma das bombas ao retardador que qualquer governo que entrar em funções em fevereiro terá em mãos e terá de evitar que expluda", alertou.

Sobre o anúncio de Rio de que não faria campanha para se concentrar na oposição ao Governo, Paulo Rangel critica-o por "usar os meios gerais do partido" para fazer campanha "sob a capa de que é presidente do partido".

"Eu nunca faria isso, e para quem tem a ética como padrão do seu comportamento, o que seria expectável era que se oferecesse aos militantes como candidato. Mas não é por aí que se vai ganhar ou perder as eleições internas", desdramatiza, dizendo que pelo menos um debate entre os dois "era um ato de respeito pelos militantes".

À critica de Rui Rio de que não estaria preparado para ser primeiro-ministro, Rangel responde devolvendo-a ao líder da oposição.

"Há uma experiência e um trajeto que falam por mim. O que acho é que não se pode fazer em 15 dias o que não se fez em quatro anos, e é isso que Rui Rio está a tentar fazer. Mostrar que se tem uma oposição credível, com alternativas e que se é capaz de fazer oposição ao PS não pode ser um exercício de 15 dias", criticou.

Se vencer as eleições internas, Rangel assegurou que "haverá pontes a fazer" com Rui Rio e a sua equipa, dizendo ver qualidades em pessoas que apoiam o atual líder, mas reiterou que a competência de fazer as listas de deputados é do "candidato a primeiro-ministro" que sair das diretas de 27 de novembro.

 

Rangel admite governar em minoria sem esclarecer se viabilizaria idêntico governo do PS

 

O candidato à liderança do PSD Paulo Rangel afirmou que o PS terá de "assumir as suas responsabilidades" se recusar viabilizar um executivo e orçamentos de um Governo minoritário social-democrata, mas recusou esclarecer o que fará no cenário contrário.

 

Em entrevista à edição de hoje do semanário Expresso, disponível na íntegra na sua edição online, o eurodeputado foi várias vezes questionado sobre o cenário de governabilidade no pós-legislativas de 30 de janeiro e avisou que, se for líder do PSD, "não contem com Paulo Rangel para pôr a mão por baixo das políticas do PS".

 

O candidato à liderança social-democrata - que disputará com o atual presidente Rui Rio em eleições diretas em 27 de novembro - insistiu que o seu objetivo é maioria absoluta do PSD, que considera não ser "uma quimera", mas também admite governar em minoria.

 

"Se tivermos de governar com um governo minoritário também o faremos", assegurou, admitindo igualmente como cenário possível coligações pós-eleitorais ou acordos de incidência parlamentar com CDS-PP e IL ou até com o PAN, excluindo o Chega de entendimentos.

 

Questionado se um Governo minoritário do PSD não dependerá do PS para viabilizar o executivo e os seus orçamentos, respondeu: "Se não viabilizar terá de assumir as suas responsabilidades".

 

 À pergunta se tal significa que "o seu PSD" também deixará passar um governo minoritário do PS, o candidato à liderança social-democrata recusou discutir esse cenário.

 

"Não vou analisar, não sou analista, sou líder político (...) Acho que os portugueses querem muita clareza quanto à questão da estabilidade, e é isso que lhes vou oferecer. Este vai ser o meu discurso. Não vou contribuir para confundir os votos do PSD com os do PS", apontou.

 

Rangel acusou o atual líder socialista e primeiro-ministro, António Costa, de tentar "ser uma alternativa a si próprio", dizendo, na entrevista que deu esta semana à RTP, que governou com a esquerda e agora está disposto a governar com o centro-direita. 

 

"Não contem com Paulo Rangel, se for líder do PSD, para isso. Nós não vamos lá para corroborar, amparar ou pôr a mão por baixo nas políticas do PS, elas já foram testadas durante seis anos e falharam. Agora é o tempo de vir alguém com uma política diferente", defendeu.

 

Questionado se preferirá provocar novas eleições a viabilizar um executivo minoritário do PS, Rangel repetiu que, da sua parte, "a única coisa que vão ouvir é confiança numa maioria do PSD". 

 

Ainda assim, Rangel admite entendimentos com o PS em matérias como a revisão constitucional, que exige uma maioria de dois terços para ser aprovada.

 

"Ninguém me vai ouvir dizer que não vamos falar com o PS, não vamos é governar com o PS. Isso é que não", sublinhou. À pergunta se está obrigado a vencer as legislativas se se tornar presidente do PSD, Rangel foi cauteloso.

 

"Não estou a dizer isso. Estou a dizer que temos de ganhar as eleições, e que podemos ganhar com maioria absoluta - não acho isso uma quimera, acho que está ao nosso alcance apesar de ser difícil", afirmou.

 

Na sua moção de estratégia às diretas, assegurou, estará a posição que já defendeu publicamente de que o PSD deverá ir sozinho às legislativas, sem coligação pré-eleitoral com o CDS-PP, admitindo integrar desiludidos com este partido quer na elaboração do programa, quer até nas listas de deputados ("porque não?") ou num eventual Governo chefiado pelo PSD.

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