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PS: Direita "não hesita em explorar perdas humanas com fins partidários"
"Não é o tempo para semear dúvida e desconfiança, é tempo de deixar trabalhar as entidades competentes, afirmar a confiança nas instituições do estado de direito," reclamou a secretária-geral adjunta do PS.
O Partido Socialista acusou esta terça-feira PSD e CDS-PP de terem deixado "cair a máscara" ao procurarem o que disse ser o "aproveitamento político" das mortes resultantes dos incêndios de Pedrógão Grande, cujo número oficial tem vindo a ser questionado publicamente.
"Caiu a máscara à direita portuguesa, que não hesita em explorar perdas humanas com fins partidários," acusou a secretária-geral adjunta do PS. Em declarações aos jornalistas a partir da sede socialista no Largo do Rato, em Lisboa, Ana Catarina Mendes classificou de "indignidade" e "irresponsabilidade" a actuação de centristas e sociais-democratas.
"Não é o tempo para semear dúvida e desconfiança, é tempo de deixar trabalhar as entidades competentes, afirmar a confiança nas instituições do estado de direito," reclamou, acrescentando que "a justiça está a fazer o seu trabalho."
As declarações de Ana Catarina Mendes acontecem minutos depois de o novo líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, ter anunciado a convocação de uma reunião de emergência da comissão permanente do Parlamento, depois de ontem ter dado 24 horas ao Governo para tornar pública a lista de vítimas mortais do incêndio.
Perante dúvidas sobre o número oficial de vítimas mortais - estimadas em 64 -, o Governo tem sustentado que a lista com os nomes se encontra sujeita a segredo de justiça. "Como decorre da lei, a divulgação da lista de vítimas será feita pelo Ministério Publico se e quando o considerar adequado", escreveu ontem o Executivo em comunicado.
A Procuradoria-Geral da República garantiu também que está e vai olhar para toda a informação adicional que venha a público sobre o incêndio de Pedrógão Grande. "Todos os elementos ora vindos a público, designadamente através da comunicação social, serão objecto de análise e investigação", indicou também segunda-feira o gabinete de imprensa da PGR.
"O PSD vai hoje mesmo requerer, com carácter de urgência, uma reunião da Comissão Permanente da Assembleia da República para que este assunto possa ser debatido, possa ser discutido por quem representa o povo português", anunciou já esta terça-feira o líder da bancada laranja.
Ainda hoje os centristas não descartaram a possibilidade de apresentarem uma moção de censura ao Governo, naquilo que Assunção Cristas disse ser a exigência de "toda a verdade" sobre as consequências do incêndio de Pedrógão Grande.
"O CDS quer saber toda a verdade e não exclui nenhum tipo de instrumento parlamentar que, dentro de um regular funcionamento das instituições, exista para ser utilizado", disse a líder do CDS-PP citada pela Lusa.
Um cenário que o PSD não coloca, tendo Hugo Soares adiantado que o grupo parlamentar social democrata e o partido "decidirão o que fazer" se e quando o CDS colocar esta possibilidade sobre a mesa.
Já o PS vê o uso desse instrumento como uma "normalidade democrática". "Não deixa de ser lamentável que seja usada como arma de arremesso político contra aquilo que aconteceu em Pedrógão," condenou Ana Catarina Mendes, que garantiu que o PS saberá "sempre estar à altura das nossas responsabilidades" e não fugirá ao debate se for convocada a comissão permanente.