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PCP rejeita banco mau, Bloco impõe condições

Estudo publicado pelas Finanças identifica forte aumento do rácio de crédito em risco e do peso das imparidades na banca entre 2010 e 2015.

Miguel Baltazar/Negócios
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O banco mau que António Costa defendeu como forma de limpar o crédito malparado do balanço dos bancos foi recebido de forma diferente pelos parceiros da maioria de esquerda que sustenta o Governo. Enquanto o PCP rejeita repetir soluções como a do BES e a do Banif, o Bloco de Esquerda traça linhas vermelhas para uma solução destas.

A ideia foi lançada pelo primeiro-ministro em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias no fim-de-semana. "Acho que era útil para o país encontrar um veículo de resolução do crédito malparado, de forma a libertar o sistema financeiro de um ónus que dificulta uma participação mais activa nas necessidades de financiamento das empresas portuguesas". Ou seja, o objectivo era aliviar os bancos para que estes pudessem puxar pela economia, através de um aumento da capacidade de investimento das empresas. Mas Costa não explicou qual a ideia que tem.

Esta segunda-feira, em declarações à TSF, a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua reconheceu a necessidade de Portugal evitar ter uma banca "zombie" mas avisou que "se os contribuintes puserem dinheiro, então têm de ter a propriedade daquilo que salvam". Um dia antes, a líder do Bloco, Catarina Martins, tinha afastado a solução que foi usada em Espanha. O PCP foi peremptório na rejeição a uma solução deste tipo - tenha ela os moldes que tiver. É "absolutamente inaceitável" que os contribuintes continuem a "limpar as asneiras dos banqueiros", disse o deputado comunista Miguel Tiago, no fórum da TSF.

Ideia ainda sem proposta concreta

João Galamba, deputado do PS, não excluiu a possibilidade de serem usados dinheiros públicos para resolver o malparado da banca. "Um dos objectivos será minimizar, no limite evitar, que haja dinheiros públicos envolvidos", disse Galamba, frisando que só é possível ter posições a favor e contra perante uma proposta concreta. O que não existe até agora (pelo menos publicamente assumida). E nem no Programa Nacional de Reformas, que dedica um pilar ao problema da capitalização das empresas, o Governo deu qualquer passo no sentido de mencionar e concretizar esta proposta. No documento, o Executivo considera que existem "estruturas financeiras empresariais desequilibradas com forte insuficiência de capital próprio" originando, por exemplo, um " valor crescente de créditos em incumprimento (Non Performing Loans)". Feito o diagnóstico, o Executivo avança a intenção de "incentivar a reestruturação empresarial, no contexto das oportunidades geradas pela continuação do processo de gestão nos balanços dos bancos dos Non Performing Loans". E nada mais adianta.

O problema do crédito malparado - e de como este limita a capacidade das empresas investirem - está diagnosticado há muito. E quando a equipa de Mário Centeno chegou às Finanças tinha ao seu dispor um artigo publicado no site do GPEARI (o gabinete de estratégia e planeamento) da economista Clara Synek que revela como o quadro se agravou na crise. "O rácio de crédito em risco e o peso das imparidades no sector bancário registaram, ao longo dos últimos 5 anos, uma tendência ascendente, situando-se em 12,6% e em 8%, respectivamente, no final de Junho de 2015 (5,2% e 3,2%, no final de 2010), especialmente derivado das empresas não financeiras"
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