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PCP não quer apenas nacionalização temporária do Novo Banco
Miguel Tiago lembra que a integração do Novo Banco no Estado é a solução adequada. Mas não uma "falsa nacionalização como se fez com o BPN".
O PCP não quer apenas uma nacionalização temporária do Novo Banco. Quer uma nacionalização permanente. A afirmação já tinha sido deixada ontem mas esta quinta-feira, 12 de Janeiro, o deputado Miguel Tiago assumiu isso mesmo no Parlamento.
"Nacionalizar temporariamente não seria mais do que assumir os prejuízos passados para entregar lucros futuros", declarou o deputado comunista no Parlamento, num debate que não estava na agenda.
"Não se deve proceder a uma falsa nacionalização como se fez com o BPN, porque aí seriam utilizados [recursos] para transferir [prejuízos] para os trabalhadores, limpando o banco para entregar a outro grupo privado que o utilizará à margem do interesse nacional e dos trabalhadores", proferiu Miguel Tiago no debate desta quinta-feira.
Na sua intervenção, o deputado do PCP foi elencando as várias opções pela frente do Novo Banco. A venda no imediato, a acontecer, será a transferência de prejuízos privados para o Estado "em nome da salvação não da banca mas da natureza privada" dos compradores.
Assim, como tem vindo a defender o partido, o PCP quer a "integração do Novo Banco no sistema bancário, orientada para a estratégia de controlo nacional de centros de decisão, de valorização a longo prazo, não para qualquer privado mas para o erário público".
Nesse trajecto, e à semelhança do que disse também o Bloco de Esquerda, a nacionalização "implica uma avaliação adequada" da instituição financeira liderada por António Ramalho, nomeadamente com segregação de activos não fulcrais para o negócio, "sem desistir de recuperar crédito".
O Novo Banco está em processo de venda com o Banco de Portugal e o Governo em negociações com os fundos de investimento Lone Star e Apollo/Centerbridge mas o tema da nacionalização tem vindo a ganhar adeptos não só à esquerda como também à direita. O PSD, o BE e o PCP quiseram alterar a agenda do dia do plenário desta quinta-feira e trouxeram o assunto Novo Banco para o debate.
Sobre a actual situação do Novo Banco, Miguel Tiago argumenta que "confirma a falsidade do discurso de saída limpa e torna cada vez mais clara a responsabilidade do Governo PSD e CDS nas graves consequências das decisões que tomaram sobre o BES e o GES".