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Ministro do Ambiente sonha com a cadeira da CM Porto e avisa: “Não sou ambientalista”
João Pedro Matos Fernandes, que defende que “o Ministério do Ambiente tem que fazer política e não pode dizer não a tudo”, assume a ambição de chegar à presidência da autarquia portuense. “O Porto para mim é casa.”
"As pessoas nunca o viram como o ministro do Ambiente que vestiu a camisola do Ambiente." À provocação do "Expresso", João Pedro Matos Fernandes respondeu: "Não sou de todo um ambientalista", considerando que "o Ministério do Ambiente tem que fazer política e não pode dizer não a tudo".
Sobre o estudo de impacte ambiental (EIA) do aeroporto do Montijo, Matos Fernandes disse que o documento "está nas mãos do seu promotor ou dos consultores que o estão a fazer e ainda não entrou na Agência Portuguesa do Ambiente (APA)".
O ministro do Ambiente e da Transição Energética lembrou que "houve um primeiro estudo apresentado que tinha algumas lacunas (como o impacto dos aviões na avifauna) que poderiam ditar uma avaliação negativa", e, "ciente disso, o promotor (a ANA) retirou-o para o melhorar e completar", adiantando que o EIA "há-de entrar nos serviços do Ministério do Ambiente quando o promotor o entender".
O primeiro-ministro disse estar à espera deste estudo para dar luz verde ao projecto do aeroporto. Isto não é inverter as coisas, como se obrigatoriamente tivesse de ser aprovado?, questionou o semanário. "Um aeroporto como este provoca muito menos impactes ambientais que um a fazer de novo. Os dois principais descritores a ter em conta são o impacto na avifauna e o ruído. Para merecer uma decisão positiva por parte do ministério tem de ter uma decisão técnica positiva liderada pela APA, e que envolve várias entidades de outros ministérios, e que será tomada em total liberdade e a seu tempo", respondeu Matos Fernandes.
E para quando a aterragem do primeiro passageiro no Montijo? O ministro disse que não estava em condições de adiantar uma data - "de forma alguma", frisou. "Não tenho a mais pequena noção da extensão temporal das obras", alegou.
Apesar de reconhecer que "tem de haver rapidamente uma outra infra-estrutura aeroportuária que possa servir de alternativa ao Aeroporto Humberto Delgado", ressalvou: "Não somos nós neste ministério que temos a responsabilidade de promoção desse empreendimento."
"O Porto para mim é casa"
Entretanto, na parte mais política da entrevista, Matos Fernandes não descartou a possibilidade de se candidatar à presidência da Câmara do Porto.
"É uma questão que tem uma dimensão pessoal que não poderei enjeitar. O Porto para mim é casa. Não tenho dúvidas sobre a relevância social e política que tem ser presidente da Câmara do Porto", afirmou o antigo presidente da Administração do Porto de Leixões.
Mas foi desde já avisando que, "se isso algum dia acontecer será sempre dentro de uma lista do Partido Socialista", considerando que "a probabilidade de liderar um movimento de cidadãos como Rui Moreira é demasiado remota".