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Marcelo antevê avanço nas relações com Marrocos e convidou rei a visitar Portugal
O Presidente português disse esta segunda-feira que as relações bilaterais com Marrocos "podem conhecer um avanço significativo" em domínios como a energia e anunciou ter convidado o rei Mohamed VI a visitar Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas num hotel de Casablanca, onde se encontra desde esta segunda-feira à tarde, numa curta visita, de cerca de oito horas, ao Reino de Marrocos, preenchida com encontros institucionais.
Referindo-se ao encontro a sós que teve com o rei de Marrocos, no Palácio Real de Casablanca, durante cerca de uma hora, o chefe de Estado disse que essa reunião foi centrada, "sobretudo, no domínio das relações bilaterais". "Foi recentemente celebrado um acordo energético importante, que pode permitir o fornecimento de energia por Portugal a Marrocos", destacou.
Em causa está um projecto de construção de uma interligação que permita exportar e importar electricidade, através de um cabo submarino entre os dois países. Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, existe neste momento "uma aproximação entre governos, de que o acordo no domínio da energia é um exemplo".
O Presidente da República considerou que "há outros domínios de colaboração possível: cultural, económica, empresarial", concluindo: "Essas relações bilaterais podem conhecer um avanço significativo".
Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que "a função do Presidente da República não é substituir-se ao Governo, mas abrir um caminho de diálogo", e salientou que "vai haver eleições daqui a poucos meses" em Marrocos. "Nesse sentido, aquilo que começar a ser tratado agora pode ter sequência no futuro, e esperamos que possa ter sequência no futuro", acrescentou.
Nestas declarações aos jornalistas, o chefe de Estado informou que, quando tomou posse, a 9 de Março, tinha escolhido fazer as suas "primeiras visitas de cumprimentos" ao Vaticano, a Espanha e a Marrocos.
Contudo, o rei Mohamed V encontrava-se "em visita oficial pelo mundo", com passagem por países como a Rússia e a China, "portanto, houve que adiar uns meses esse primeiro contacto", justificou. "Na primeira ocasião em que o rei de Marrocos teve disponibilidade para concretizar a visita, ela foi feita", acrescentou.
Por outro lado, Marcelo Rebelo de Sousa realçou que o rei de Marrocos abriu "uma excepção" ao recebê-lo em pleno Ramadão, "por entender que havia temas importantes sobre os quais era fundamental trocar impressões".
No plano europeu, o Presidente da República defendeu que "o flanco sul" merece mais atenção: "A Europa muitas vezes olha para leste, por exemplo, e não olha para sul, e não olha para o continente africano".
"E aqui houve pontos de encontro, porque Portugal tem relações com os países de língua portuguesa, e Marrocos está presente em vários estados da África Ocidental em termos de apoio de projectos concretos, inclusive na Guiné-Bissau e na Costa do Marfim. Portanto, aqui há cruzamentos de interesses e interesses comuns a desenvolver", disse.
Ainda sobre as relações bilaterais, o Presidente da República referiu que os dois países estão "em diversificação em termos económicos" e que Marrocos "está a aprofundar as relações com a China, por exemplo, com os países do Golfo também", o que considerou "importante para Portugal".