Notícia
Marcelo admite "dúvidas e angústias" na CPLP
Apesar dos desafios que enfrenta, o Presidente da República acredita no futuro da organização criada há 20 anos. Ser "desejada" por outros países é "um sinal de que está viva e que é politicamente importante".
O Presidente da República considerou esta segunda-feira, 18 de Julho, que "não há estado-membro que possa prescindir de ter a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) como peça-chave da sua estratégia" e apontou que o que une os nove países que a integram é "mais forte do que aquilo que [os] possa dividir".
Durante uma intervenção na cerimónia do 20.º aniversário da organização, Marcelo Rebelo de Sousa apontou que "a internacionalização e a projecção da língua são prioridades por aquilo que podem significar em termos de desenvolvimento económico, social e cultural". Frisando que "a CPLP é um projecto bem-sucedido, mas é um projecto", destacou que ela tem "merecido interesse de um número crescente de países terceiros de todo o mundo", com várias candidaturas para obter o estatuto de observador associado.
"Podemos e devemos acreditar no futuro da CPLP, no seu futuro e vocação universal. Apesar das dúvidas, angústias e compassos de espera de cada momento. Todos percebem dentro da Comunidade que, quando ela é desejada por países terceiros, é um sinal de que está viva e que é politicamente importante", acrescentou o chefe de Estado durante o evento realizado no Palácio Conde de Penafiel, em Lisboa.
Após lembrar a intervenção desta organização, fundada em Julho de 1996, em múltiplos domínios – como os oceanos, as energias renováveis, o ambiente, a segurança alimentar, a mobilidade, a juventude ou o desporto –, o Presidente da República admitiu que "quanto à língua há novos desafios e novas oportunidades". O político que recentemente emitiu declarações polémicas sobre o acordo ortográfico recordou o papel das comunidades lusófonas fora do espaço da CPLP, que "demonstram uma resistência notável pelo afecto pela língua e pelas tradições".
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os países que integram actualmente a CPLP. Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que "esta jovem Comunidade caracterizou-se sempre pelo carácter evolutivo e pela capacidade de adaptação ao mundo em mudança". Apresentou como "prova" a reflexão interna promovida nos últimos dois anos, durante a presidência timorense, com vista a uma nova visão estratégica que tem de "responder aos anseios legítimos dos cidadãos".