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Marcelo: já não se discute reestruturação global da dívida pública
O Presidente da República defendeu hoje que "há convergência objectiva" entre Governo e oposição quanto às medidas de gestão da dívida pública, e que já ninguém discute, no imediato, uma reestruturação global.
Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas, no final de uma visita ao Centro Ismaili, em Lisboa, a propósito do relatório apresentado pelo PS e pelo Bloco de Esquerda sobre a sustentabilidade da dívida portuguesa.
Questionado sobre a ideia de o Estado poder retirar mais dividendos do Banco de Portugal, o chefe de Estado respondeu: "Eu não vi, até agora, nenhum sinal de o Governo querer colocar em causa aquilo que é uma 'almofada' de protecção para o caso de haver de repente uma subida de juros".
O Presidente da República advertiu que "pode acontecer, de repente, disparar o crescimento económico na Europa" e que "isso pode significar uma subida de juros".
"Portanto, é uma de várias propostas ou ideias que estão no documento, mas o Governo, em relação a essa, especificamente, nunca mostrou qualquer compromisso quanto à sua aceitação", reforçou.
Questionado sobre a acusação do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, de que o executivo, com essa medida, pretende recorrer às reservas do Banco de Portugal para "compor os números do défice", o chefe de Estado respondeu: "Eu não vi nenhum sinal de o Governo se comprometer em relação a ela".
"É por isso que eu digo que há um consenso", acrescentou.
"Eu aliás, se noto em relação a este relatório, nas medidas imediatas, alguma coisa de positivo é, no fundo, uma convergência entre a liderança da oposição e posições do Governo, porque, como o Governo anterior já geria a dívida, com a preocupação de encurtar prazos e juros e de fazer ir substituindo os empréstimos mais caros por empréstimos mais baratos, este Governo continua a fazer", argumentou.
Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que "esta convergência é tão clara, tão clara que, de um lado, o Governo está cuidadosamente a estudar o que deve continuar a fazer, e do outro lado a oposição folga com o facto de já ninguém discutir hoje, no imediato, a reestruturação global da dívida pública".